A sustentabilidade da mobilidade na zona metropolitana de Maputo passa pela conjugação de várias medidas, incluindo a comparticipação dos munícipes na adopção de novos hábitos e de privilegiar o uso cada vez maior do transporte público, contra a actual tendência do uso frequente do automóvel particular.
Falando quarta-feira em Maputo, na abertura da conferência sobre a mobilidade sustentável na zona metropolitana de Maputo, a vice-ministra dos Transportes e Comunicações, Manuela Joaquim Rebelo, disse que as medidas que o Governo está a implementar na melhoria da oferta e qualidade do transporte público urbano devem encorajar os munícipes a confiarem e a usar cada vez mais o sistema público de transportes: “Não podemos construir uma cidade com mobilidade sustentável, quando cada cidadão se faz transportar no seu automóvel particular, de e para qualquer parte da cidade” disse a governante.
Rebelo acrescentou que, para a zona metropolitana de Maputo, onde vivem, actualmente, cerca de 3.15 milhões de pessoas, o Governo tem dedicado especial atenção à mobilidade, estando, neste momento, a reorganizar o sistema de transportes, considerando o reforço da frota, melhoria do sistema de manutenção dos autocarros alocados ao transporte de passageiros, a intermodalidade, entre outras medidas.
Dada a complexidade da actividade de licenciamento de transportes e gestão das questões emergentes, conforme sublinhou Manuela Rebelo, o Governo criou, através do Decreto 85/2017, de 29 de Dezembro, a Agência Metropolitana de Maputo, cuja finalidade é promover um sistema de transportes assente num planeamento integrado e coordenado nos municípios de Maputo, Matola, Boane e o distrito de Marracuene.
Por sua vez, o edil de Maputo, David Simango, disse acreditar que a criação de novas centralidades, que podem ser escritórios, centros comerciais, escolas e universidades fora do centro da cidade, pode contribuir para diminuir a pressão sobre os grandes centros urbanos.
“Temos clareza sobre a impraticabilidade do uso de viaturas individuais, para deslocações de casa para o trabalho e vice-versa, sobretudo tendo em conta o tipo e qualidade da infraestrutura disponível, embora consideremos a pertinência de uma abordagem mais ampla do desafio que tem em consideração os cidadãos a partir das suas experiências, como pedestres, ciclistas, utentes do transporte público, motociclistas e motoristas”, indicou David Simango.
Para a coordenadora residente das Nações Unidas em Moçambique, Márcia de Castro, a promoção de transportes sustentáveis requer a corresponsabilidade do Estado e da cidadania, na disponibilidade desses serviços de transporte, mas também no bom uso e gestão dos mesmos.
“Neste sentido, como Nações Unidas, nós queremos destacar passos importantes que já foram tomados pelo Estado. Louvamos a criação da Agência Metropolitana de Transportes de Maputo, com o propósito de melhorar a qualidade e a capacidade da oferta actual dos transportes colectivos e, através da UN-Habitat e outros parceiros do sistema das Nações Unidas, contem connosco para apoiar o desenvolvimento do trabalho desta agência”, concluiu Márcia de Castro.
Refira-se que esta conferência enquadra-se no âmbito da primeira semana da mobilidade sustentável da zona metropolitana de Maputo, que decorre de 9 a 15 de Junho corrente, cujo objectivo é discutir questões relativas à sustentabilidade da mobilidade e à integração entre os diversos meios de transporte e o espaço público no grande Maputo.