O Papa Bento XVI condenou nesta sexta-feira todas as formas de aborto, ao mesmo tempo em que pediu à África que “erradique de uma vez por todas a corrupção”, durante um discurso na sede da presidência angolana em Luanda.
“Como é amarga a ironia daqueles que promovem o aborto entre as curas para a saúde materna. É desconcertante a tese daqueles que acreditam que a eliminação da vida é um assunto de saúde reprodutiva”, disse o pontífice, durante um encontro na sede da presidência com o chefe de Estado angolano, Eduardo dos Santos. Bento XVI reiterou sua condenação total ao aborto e mencionou o artigo 14 do Protocolo de Maputo, carta sobre os Direitos da Mulher na África, que entrou em vigor em 2005 e foi ratificada pelos 20 Estados membros.
O artigo refere-se ao aborto como um dos métodos para regulamentar as políticas reprodutivas.
Bento XVI exortou ainda autoridades africanas, empresas e organizações multinacionais a “acabar de uma vez por todas com a corrupção” que assola o continente africano.
“Vocês podem transformar o continente, libertando vosso povo da cobiça, da violência e da desordem”, clamou o pontífice durante o encontro privado com o presidente da República de Angola, Eduardo dos Santos, líder histórico do Movimento Popular pela Liberação de Angola (MPPL), no poder desde 1979.
Bento XVI convidou os líderes africanos a guiar seus países “pelo caminho dos princípios indispensáveis de toda a democracia moderna e civilizada”, e a se comprometer a “acabar de uma vez por todas com a corrupção”.
A corrupção endêmica é considerada um dos grandes males da África, onde vários presidentes estão envolvidos em escândalos. “O pedido aos políticos, aos administradores públicos, às agências internacionais e às companhias multinacionais é, acima de tudo, um só: acompanhemos de modo humano”, destacou o Papa, ao mencionar a necessidade de um “desenvolvimento ético” para a África.
Em seu discurso, o pontífice fez um apelo aos governos africanos para que respeitem os direitos humanos e organizem “um governo transparente, uma magistratura independente, uma administração pública honesta, uma rede de escolas e hospitais que funcione”.
“As pessonas deste continente pedem mais que programas e protocolos, pedem uma mudança profunda e duradoura para a fraternidade”, disse.