A Arábia Saudita, o Egipto, os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein cortaram relações com o Qatar nesta segunda-feira, acusando o país de apoiar o terrorismo, na maior discórdia em anos entre alguns dos países mais poderosos do mundo árabe.
O Irão, há tempos em atrito com os sauditas e alvo indirecto da medida, culpou imediatamente o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, por incitar a crise durante viagem recente a Riad.
Há algum tempo Estados do Golfo Pérsico e o Egipto vêm demonstrando ressentimento com o apoio do Catar a islâmicos, especialmente à Irmandade Muçulmana, que vêem como um inimigo político perigoso.
A medida coordenada, à qual mais tarde se uniram o Iémen e o governo da Líbia sediado no leste do país, criou uma divisão dramática entre as nações árabes, muitas das quais são membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
Ao anunciar a suspensão das relações de transporte com o Qatar, os três Estados do Golfo Pérsico deram a visitantes e moradores qataris duas semanas para partirem. O Qatar também foi expulso da coligação liderada pelos sauditas que combate no Iémen.
Gigante do petróleo, a Arábia Saudita acusou o Qatar de apoiar grupos militantes – alguns deles amparados pelo arquirrival regional Irão – e divulgar a sua ideologia, uma referência aparente ao influente canal de televisão estatal qatari Al Jazeera.
“(O Qatar) defende múltiplos grupos terroristas e sectários que visam perturbar a estabilidade na região, incluindo a Irmandade Muçulmana, o ISIS (Estado Islâmico) e a Al-Qaeda, e promove a mensagem e esquemas destes grupos através de sua mídia constantemente”, disse a agência de notícias estatal saudita SPA.
Ela acusou o Qatar de apoiar o que descreveu como militantes respaldados pelo Irão em Qatif, região conflituosa do leste qatari de maioria muçulmana xiita, e no Barein.
O Qatar disse estar a ser vítima de uma campanha que visa enfraquecê-lo, negando que está interferindo em assuntos de outros países. “A campanha de incitação baseia-se em mentiras que chegaram ao nível da maquinação total”, disse o Ministério das Relações Exteriores do Qatar em comunicado.
Teerão viu os EUA manipulando nos bastidores. “O que está a acontecer é o resultado preliminar da dança das espadas”, tuitou Hamid Aboutalebi, vice-chefe de gabinete do presidente iraniano, Hassan Rouhani, em referência à visita recente de Trump à Arábia Saudita.