O diretor do Osservatore romano, órgão do Vaticano, indicou esta segunda-feira que o papa Bento XVI, afetado pela série de escandâlos de pedofilia, é “um grande comunicador” e que a Igreja Católica administra esta questão “de maneira exemplar”. “A Igreja Católica é a única instituição a abordar de maneira exemplar este problema que envolve toda a sociedade”, assegurou o diretor do jornal Giovanni Maria Vian à Associação de Imprensa Estrangeira.
Vian rejeitou as acusações de problemas de comunicação do Vaticano frente à avalanche de escândalos revelados na Europa, principalmente na Irlanda e na Alemanha, país de Bento XVI, e em outras partes do mundo. O Papa divulgou no final de março uma carta aos católicos irlandeses, na qual escreveu “palavras muito duras” contra os padres que cometeram abusos e contra seus superiores que os protegeram, falando de “inadequação”, de “despreparo”, ressaltou.
Segundo ele, Bento XVI, que sofreu críticas por não abordado a questão em sua mensagem de Páscoa, “é um grande comunicador”, mesmo que “cada um tenha seus próprios métodos”, disse, mencionando seu antecessor João Paulo II. Vian lembrou que a carta aos irlandeses havia sido publicada “em sete línguas” no site do Vaticano, no qual foram postadas nesta segunda-feira todas as instruções sobre a conduta a ser seguida na Igreja em caso de abusos sexuais.
Considerando que não defende a teoria do “complô”, o diretor do Osservatore romano considerou que o Papa é vítima de uma “campanha” midiática e da “hostilidade anticatólica nos Estados Unidos”. Ele disse que, graças às normas editadas em 2001 sobre a pedofilia dentro da Igreja, o fenômeno “praticamente desapareceu nos Estados Unidos, com dez casos para todo o ano de 2009”. “Mas, mesmo que houvesse apenas um caso, seria gravíssimo, porque as vítimas ficaram marcadas por toda a vida”, insistiu.
Ao ser perguntado sobre suas próprias relações com Bento XVI, Vian afirmou tê-lo visto na sexta-feira passada durante a pré-estreia de um filme para a televisão sobre Pio XII e sobre a ocupação alemã durante a guerra. “Ele tinha a fisionomia muito tranquila e serena, como sempre”, comentou.