Um acordo visando um aumento salarial na ordem de 22 porcento pôs fim, nesta terça-feira, à greve de mais de um mês na mina de platina Lonmin em Marikana, na província sul-africana de North West. O entendimento entra em vigor a partir de 1 de Outubro próximo.
A greve iniciou a 10 de Agosto passado e causou mais de 40 mortos, cerca de 70 feridos e mais de 200 mineiros detidos. A euforia dos grevistas foi visível quando a administração da mina lhes informou que “ofereceria” um aumento de 22 porcento e um bónus de 2 mil randes. Aos mineiros foi ainda assegurado que nenhum processo disciplinar será movido contra eles.
“Estou muito feliz e orgulhoso de ter participado na greve”, afirmou à Imprensa Sithembile Sohati, um dos grevistas. “É uma grande vitória. Não existe nenhum sindicato que tenha conquistado um aumento salarial na fasquia dos 22 porcento para os seus membros”, disse Zolisa Bodlani, representante dos mineiros grevistas nas negociações junto do patronato.
A Lonmin emitiu um comunicado de Imprensa a confirmar a assinatura do acordo em Rustenburg, que inclui um bónus de 2 mil randes e um aumento salarial que varia dos 11 a 22 porcento para todos os trabalhadores, segundo as suas categorias.
Os cerca de três mil mineiros que estavam concentrados no Estádio Wonderkop dispersaram para se apresentarem aos seus respectivos representantes nas negociações. Os operadores das máquinas de perfuração terão como salário mensal bruto 11 078 randes, os chefes de operações 13.022 e os operadores 9.883 randes.
O bónus de 2 mil randes será pago nos próximos dias para permitir que os mineiros sobrevivam até ao inicio do pagamento dos salários com os devidos aumentos.
O presidente do Conselho das Igrejas da África do Sul, o bispo Jo Seoka, fez parte da equipa de negociação e defendeu que a contraproposta do patronato está próxima dos 12.500 randes reivindicados pelos mineiros. “É uma vitória para os mineiros porque nunca antes na África do Sul tivemos um aumento salarial acima dos 20 porcento. O acordo foi uma via saudável para o fim das hostilidades que ocorriam”, afirmou o prelado.
Em tom de alegria e de reconciliação, os mineiros despediram-se da polícia, que também se retirou do local depois de longos dias de tensão e ânimos entre as partes, ora em trégua.
A grave na mina de platina de Lonmin é descrita como a mais violenta depois do Apartheid. A mesma fez com que aumentassem as críticas contra ao Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e o Congresso Nacional Africano (ANC), o partido no poder.
Zuma chegou a reconhecer que os levantamentos dos mineiros surpreenderam o Governo e o Sindicato Nacional dos Mineiros. “Este incidente foi uma surpresa para nós, tendo em conta as medidas que temos colocado em prática nos últimos anos”, referiu Zuma a jornalistas, em Bruxelas, minutos depois de ter sido informado sobre do acordo.
Para o Sindicato dos Trabalhadores Qualificados, a Solidarity, que também participou nas negociações, mesmo sem ter feito parte da manifestação, o acordo não é novidade porque está dentro dos padrões dos aumentos salariais.
Por seu turno, o representante dos mineiros nas negociações, Zolisa Bodlani, prometeu trabalhar com os mineiros para que a administração da Lonmin eleve o salário para 12.500 randes dentro de dois anos.