A oposição venezuelana vai assumir nesta terça-feira o controle do Assembleia Nacional pela primeira vez em 16 anos, estabelecendo uma disputa de poder com o presidente Nicolás Maduro no meio de uma grave crise económica.
A coligação da oposição Mesa da Unidade Democrática conquistou uma maioria de dois terços nas eleições do início de Dezembro tirando proveito da insatisfação popular com a economia em recessão, a inflação alta e a crónica escassez de bens básicos.
A coligação pretende empossar todos os seus 112 deputados eleitos, mas a Suprema Corte determinou que três deles não podem assumir os cargos porque suas vitórias eleitorais enfrentam contestações judiciais. A oposição chamou a decisão de “golpe judicial”, cuja intenção seria a de impedir a maioria de dois terços da oposição na Assembleia Nacional.
“Eles precisam se acostumar com o facto de que são a minoria”, disse o parlamentar Henry Ramos, que foi escolhido pela coligação de oposição para ser o próximo presidente da Assembleia Nacional, referindo-se ao Partido Socialista de Maduro.
Ramos disse que os microfones do plenário foram sabotados e que equipamentos de TV foram retirados do Congresso para impedir a transmissão ao vivo da troca de liderança.
Líderes de oposição acusam o governo de prejudicar a nova legislatura ao marcar reuniões de última hora com ministros da Suprema Corte e ao modificar uma lei sobre o banco central que elimina o controle da Assembleia sobre a indicação de directores da instituição.
Aliados do governo e simpatizantes da oposição planearam passeatas até o centro de Caracas nesta terça-feira, um cenário que no passado levou a episódios violentos nas ruas, com o confronto entre os manifestantes ou com a polícia.
A sessão da Assembleia está marcada para começar no início da tarde, e o item principal da agenda é a eleição do novo presidente da Casa.