A principal entidade global de representação dos homossexuais, ILGA, foi formalmente reconhecida pela Organização das Nações Unidas, apesar da forte oposição de países africanos e islâmicos, segundo um relatório divulgado esta terça-feira pela ONU.
Ativistas disseram que a decisão do Conselho Econômico e Social da ONU marca um importante avanço para as minorias sexuais, num momento em que elas estão sob crescente pressão em alguns países em desenvolvimento.
A ILGA (Associação Internacional de Gays e Lésbicas, na sigla em inglês) pleiteava há mais de uma década o seu reconhecimento como membro consultivo da ONU, o que implica o direito em participar de reuniões da ONU, se pronunciar e fornecer informações a agências globais acerca do tratamento dado aos homossexuais. A entidade, que diz ter 670 organizações afiliadas em 110 países, também poderá participar de reuniões do Conselho de Direitos Humanos da ONU, onde há um forte sentimento homofóbico – embora essa instância tenha aprovado no mês passado, por estreita margem, a primeira resolução na história da ONU condenando a violência contra homossexuais.
Na sessão de segunda-feira do Conselho Econômico e Social, 29 países votaram a favor do reconhecimento da ILGA – principalmente europeus e latino-americanos, mas também Índia, Coreia do Sul, Japão e Mongólia. Outros 14 – países africanos e islâmicos, mas também Rússia e China – votaram contra. Houve 5 abstenções. O resultado reverteu o parecer de uma comissão da ONU contra o reconhecimento do grupo.
A sessão de segunda-feira da Ecosoc também resultou no reconhecimento do status consultivo de duas outras entidades – uma ONG de questões trabalhistas, que atua principalmente na América Latina, e uma entidade síria de direitos humanos com sede em Paris.
Os EUA elogiaram o voto favorável à ILGA, dizendo que essa ONG está “comprometida com o respeito aos direitos humanos e liberdades universais”. Já o Egito argumentou que a entidade não esclareceu suspeitas de que alguns de seus membros estariam ligados à pedofilia. Falando em nome da União Europeia, a Polônia queixou-se de que alguns dos 19 integrantes da comissão que avalia as ONGs – e que atualmente inclui Cuba, Paquistão, Rússia e China – opõem-se ao reconhecimento de entidades que criticam a situação dos direitos humanos nessas nações, ou por causa das causas que elas defendem.