A Suíça recebeu, esta sexta-feira, o apoio das Nações Unidas, de Paris e de Bruxelas, após o apelo à guerra santa contra a Confederação Helvética por parte do número um líbio Muammar Kadhafi, em plena crise diplomática entre Berna e Trípoli.
“Esses tipos de declarações por parte de um chefe de Estado são inadmissíveis nas relações internacionais”, disse o diretor-geral das Nações Unidas em Genebra, Sergei Ordzhonikidze. O líder líbio Muammar Kadhafi convocou na quinta-feira uma “jihad” (guerra santa) contra a Suíça, devido à proibição feita pela Confederação Helvética de construções de minaretes no país, decisão tomada após um referendo no final de novembro.
As relações entre a Suíça e Trípoli se deterioraram após o interrogatório de um dos filhos do coronel Kadhafi, Hannibal, em julho de 2008, em Genebra, sobre uma queixa de duas domésticas que o acusaram de maus-tratos. Pouco depois, as autoridades líbias prenderam os dois suíços, acusados de “permanência ilegal” e “exercício de atividades econômicas ilegais”.
Um deles foi libertado na segunda-feira, mas o outro ainda está detido na Líbia e cumpre pena de quatro meses de prisão. Membro do espaço Schengen, a Suíça estabeleceu uma política restritiva em matéria de concessão de vistos Schengen a cidadãos líbios. Esta medida provocou a ira de Trípoli, que decidiu em 14 de fevereiro fazer o mesmo com os europeus, provocando a intervenção das capitais europeias no conflito.
Berna limitou-se a reiterar que não fará comentários a respeito, mas a França considerou que “a diferença entre a Líbia e a Suíça deve ser solucionada através de negociações” O porta-voz do Quai d’Orsay, ministério das Relações Exteriores, Bernard Valero, afirmou que “Paris apoia os esforços empreendidos pela presidência da União Europeia a respeito”.
Os comentários por parte de Muammar Kadhafi contra a Suíça ocorrem “num momento inoportuno” quando esforços estão concentrados em resolver divergências entre Trípoli e Berna, afirmou o porta-voz da chefe da Diplomacia da UE Catherine Ashton.
“São comentários pouco habituais”, que “chegam num momento inoportuno quando a União Europeia trabalha intensamente com a Suíça para alcançar uma solução diplomática” para a crise entre a Suíça e a Líbia, considerou o porta-voz da UE Lutz Güllner, durante entrevista coletiva à imprensa.