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ONP pede incentivo e formação do professor

“Cada criança precisa de um professor” que assegure o direito a uma educação de qualidade, mas para tal é preciso que haja docentes qualificados e com condições dignas de trabalho. Quem assim o diz é a Organização Nacional dos Professores (ONP), que lançou, esta Sexta-feira (19), o Movimento de Educação Para Todos (MEPT), no contexto da Semana de Acção Global de Educação, a assinalar-se de 23 a 26 de Abril corrente.

O vice-presidente da ONP, Rosário Quive, disse que a Semana de Acção Global de Educação – suborbordinada ao lema “Cada criança precisa de um professor” – é uma oportunidade para que os docentes se comprometam com a promoção de uma educação de qualidade para todos, com vista a contribuir para a redução da pobreza e o alcance do desenvolvimento político, social e económico.

Investir nos professores é pertinente para a aprendizagem dos alunos e para o seu bem-estar, bem como para melhor gerir a sua diversidade na sala de aulas, facto que poderá reduzir a violência e apoiar a integração da rapariga nas escolas, defendeu Quive.

Entretanto, o défice de professores nas escolas públicas ainda é enorme, o que se evidência no rácio docente-aluno, que actualmente ronda em 1:63, segundo informações oficiais do Ministério da Educação. E ainda há lacunas na contratação de professores qualificados, apontou a fonte.

O outro problema apontado por Quive tem a ver com as precárias condições das infra-estruturas e mobiliário escolar, atraso no pagamento de salários e horas extras dos recém-contratados e falta de condições para evitar que se contraia doenças pelo pó de giz que é nocivo. Portanto, os pedagogos exigem do Governo a valorização do seu trabalho com vista a se alcançar a qualidade de ensino.

Por sua vez, o secretário-executivo do MEPT, Dinis Machaul, disse que para que as crianças possam aprender e assimilem os conteúdos, deve-se ter professores formados e motivados. Enquanto isso, Moçambique ainda está longe de alcançar os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio no concernente à educação, não obstante, haver algum progresso no seu acesso.

O grande entrave da educação, para Machaul, é a fraca qualidade do ensino, aliada à utópica de uma educação inclusiva que está a ser implementada no país, bem como a ausência de professores formados para lidar com as crianças com a deficiência auditiva e visual, porque não há domínio no uso do sistema braille. Falta ainda manuais de línguas de sinais e criação de condições de acessibilidade nas escolas.

De acordo com Machaul, 132 milhões de jovens no mundo não tem acesso a uma educação de qualidade. Aproximadamente 30.5 dos 61 milhões de crianças fora da escola no mundo estão em África. Em Moçambique estima-se que, em 2010, cerca de 300 mil petizes, dos seis aos 12 anos de idade, encontravam-se sem estudar. E os professores continuam a receber salários baixos e a enfrentar poucas hipóteses de desenvolvimento profissional.

A fonte acrescentou que para realizar uma educação primária universal até 2015, o país precisa de recrutar professores, fornecer formação adequada, melhorar as remunerações, dentre outras medidas que devem ser tomadas. Tratar o professorado como profissão de baixo estatuto resulta na baixa qualidade e priva as crianças do seu direito ao ensino.

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