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Oliver Style em grande estilo

Oliver Style em grande estilo

Com seis álbuns editados, o músico moçambicano Oliver Style completa dez anos de carreira este ano e aposta agora na produção de vídeos e na publicidade. Mas não deixou a música para segundo plano, aliás, de momento, está a preparar o seu próximo trabalho, além de pretender comemorar em grande os seus dez anos de trabalho.

Desde tenra idade que alimenta a paixão pela música, que se foi intensifi cando à medida que o tempo ia passando. Mas foi por volta dos anos ‘80 que ganhou o gostinho pela arte de cantar. Começou com o Rap na sua língua materna, o Changane – e orgulha-se de ter sido um dos primeiros músicos a fazê-lo –, porém, por força do próprio mercado discográfi co, viu-se obrigado a abraçar outros estilos musicais.

Hoje, com um disco de ouro, um de platina pendurados na sala da sua casa e meia dúzia de prémios arrecadados ao longo de dez anos, Oliver diz que o seu maior sonho é tornar-se num grande empresário, pois quer ser um exemplo para os jovens moçambicanos, embora diga que as pessoas o acham molwene.

 

Desaparecido dos holofotes dos media, o autor da polémica música “tira roupa” dedica-se à área da imagem, sobretudo à sua empresa PROSTYLE Publicidade.

Oliver Style anda meio desaparecido. A que se deve?

Oliver Style (OS) – Oliver Style não está desaparecido porque, além de músico, também sou produtor. Estou a apostar na produção de vídeos e publicidade. Ou seja, estou mais ligado à área de imagem. Não fui a uma escola para ter algumas lições sobre como trabalhar com as imagens, estou a aprender investigando e fazendo, e isso requer muita concentração. É por isso que, muitas vezes, durmo bastante tarde. Aliás, Oliver está com duas músicas na praça e brevemente vou lançar um videoclipe que já está pronto. Mas também há um vídeo que fi z com a Lorena Nhate a passar nas televisões. Há bem pouco tempo, fi z um vídeo com Vice-versa e Zita Ananias, uma música que fala do comportamento de mulheres e estamos à espera do Verão para lançar os singles, que são uma mistura de ritmos. Em suma, acho que estar sempre a aparecer nas televisões, rádios, jornais ou revistas não é sinónimo de que se está trabalhar muito. Já tenho um espaço conquistado.

Porque decidiu dedicar-se à produção e à publicidade?

(OS) – Nós somos músicos e um músico não pode fi car parado ou preso a uma única coisa, sobretudo cá no nosso país. É necessário que se invista em outras áreas para garantir a própria sobrevivência. Eu pessoalmente não tenho outra profi ssão, mas Deus mostroume esta área de produção e achei melhor investir nela. Criei a minha empresa, a PROSTYLE Publicidade, e transformei a minha casa num estúdio, ou seja, no meu local de trabalho.

Para quando o seu sétimo trabalho?

(OS) – Este ano completo dez anos de carreira e não quero lançar nenhum álbum por causa das editoras. Quer dizer, ainda tenho um contrato com a Vidisco Moçambique de três anos. Na verdade, não quero lançar porque, hoje em dia, já não se ganha pelos álbuns como nos anos anteriores. Há três ou quatro anos ganhava-se mais por um disco. Por exemplo, com o meu último (6º álbum) não consegui obter aquilo que tive com o 5º. É uma situação lamentável e demonstra que a música em Moçambique não está no seu melhor nível. No meu entender, esta situação deve-se à pirataria e à entrada de novos músicos no mercado, optando pela produção independente.

Já pensou numa produção independente?

(OS) – Não, porque me sinto incapaz. Aliás, garanto-lhe que não sou capaz de me sentar na rua ou à porta de um supermercado para vender o meu CD. Acho que, para isso, é necessário ter-se muita paciência. E, por esta razão, admiro muito as pessoas que o fazem.

Quer dizer que os fãs de Oliver Style já não podem contar com o seu CD?

(OS) – Claro que podem contar. Neste momento, estou a preparar o meu próximo disco que pretendo lançar daqui a dois anos. Mas gostaria que o trabalho estivesse pronto até ao próximo ano. Não estou a pensar em gravar álbuns atrás de álbuns como tem vindo a acontecer. Já informei a minha editora que não irei lançar nenhum álbum por enquanto, pois estou a preparar um disco de grande qualidade e que contará com a participação de alguns artistas internacionais

As letras das suas músicas são sugestivas. Qual é a mensagem que pretende transmitir?

(OS) – As letras das minhas músicas são uma metáfora e as pessoas, muitas vezes, não percebem a mensagem que pretendo transmitir. Durante muito tempo, fui investigando e achei necessário cantar utilizando metáforas, ao invés de ir directo ao assunto. Não vou parar com as metáforas. Se escutar as minhas músicas, como é o caso de Xidosana, Kamina Kamina, entre outras, perceberá que são metáforas. Elas têm uma dupla mensagem. Sinceramente, sinto-me bem expressando- me dessa maneira. Aliás, descobri que grandes nomes da música moçambicana, como é o caso de Fanny Pfumo, usavam metáforas para transmitir uma determinada mensagem. E, hoje, nós os jovens quando o fazemos somos criticados.

Como pretende comemorar os dez anos de carreira?

(OS) – Pretendo juntar amigos e fazer um grande espectáculo. Gostaria que o mesmo fosse gratuito de modo a permitir que os meus fãs que não têm possibilidades de pagar um bilhete no Coconuts possam ver a minha actuação. Estou à procura de patrocínio pois quero fazer algo diferente, de preferência num campo de futebol.

Começou por fazer Rap e subitamente mudou de estilo musical. Porquê?

(OS) – Mudei de estilo por força do mercado. Ou seja, a minha editora aconselhou-me a mudar de estilo musical para ir de encontro às necessidades do mercado. Acredito que se tivesse insistido com o Hip Hop, eu não seria este Oliver Style que sou. Hoje, sou um músico que está na boca do povo e percebo isso quando saio à rua, embora fi que quatro a cinco meses sem aparecer nos meios de comunicação social.

Como olha o estado actual da música em Moçambique?

(OS) – A música moçambicana estagnou. Porque não há união entre os músicos, seja os da nova ou da velha geração. Há uma espécie de inveja, o que não deveria acontecer. É necessário que haja união e trabalhemos juntos de modo que a nossa música cresça e seja consumida além- fronteiras. No passado havia uma competição saudável e, hoje em dia, cada artista puxa a sardinha para a sua brasa. Alguns músicos para chegarem à ribalta puxam a perna dos outros, ou seja, criticam as músicas dos outros dizendo que não têm isto e aquilo, o que é muito triste. Já passei por situações idênticas mas não liguei, pois, apercebime de que são pessoas que procuravam visibilidade falando mal de mim. Acho que temos de nos unir, falarmos a mesma língua, ao invés de estarmos a lutar uns com os outros. Em qualquer parte do mundo existe música Pimba, o mais importante é respeitar o trabalho do outro.

Já se sentiu realizado ao longo da sua carreira?

(OS) – Se continuo no mundo da música é porque o meu primeiro álbum foi positivo. Não ganhei muito dinheiro com a venda de CD’s. Mas fi quei feliz porque concretizei o meu sonho de ter um álbum editado. Tempos depois, vendi mais de 30 mil discos, o que me valeu um disco de ouro. Entre 2006 e 2007, ganhei um disco de platina com o segundo trabalho, além de ter casado e conquistado alguns prémios, com destaque para “Músico Revelação” e “Melhor Marrabenta”. Aliás, é bom que se diga que o ano de 2000 foi um ano marcante para mim porque conheci o país inteiro e fi z a minha primeira viagem de avião.

De há um tempo para cá, Oliver aparece com um aspecto diferente. O que está por detrás dessa mudança na maneira de se vestir?

(OS) – Andei por um tempo desaparecido no mundo da música e decidi regressar. Mas queria que a minha reaparição desse que falar. Muita gente aparece nos media todos os dias e ninguém fala deles. No entanto, o meu objectivo era dar nas vistas dentro e fora do país e, por essa razão, vesti as calças de Aladim. Foi uma estratégia de marketing pessoal.

Depois da sua relação com a Miss Zav teve outra namorada ou voltou para a sua ex-esposa?

(OS) – Quando namorava a Miss Zav, passei por algumas situações desagradáveis e deixei de fazer muita coisa. Desde que me separei dela, nunca ninguém me viu com outra mulher na rua, isto é, não assumi outra pessoa como namorada e não pretendo fazê-lo. Porque quero refazer a minha vida. Deixei de fazer muitas coisas na vida por causa da mulher, uma vez que sou uma pessoa que, quando gosta de alguém, levo relação a sério e esqueço-me de outras coisas. Agora tenho muito tempo para trabalhar. A título de exemplo, estou a construir a casa dos meus sonhos, não sei quanto tempo vai levar a estar pronta, mas já tenho meio caminho andado. Entrar numa nova relação e voltar a casar não está nos meus planos. Quando me separei da Miss Zav não voltei para a minha exesposa como se andou a dizer, porque ela se casou logo após a nossa separação.

Uma mensagem para os leitores do @Verdade…

(OS) – Oliver está vivo e em grande estilo. O meu sonho é tornar-me um grande empresário. Gostaria que daqui a dois ou três anos os jovens moçambicanos se espelhassem no Oliver Style como uma pessoa que começou com a música e se tornou num homem de negócios. Muita gente diz que sou molwene, se calhar pelo meu jeito de falar ou vestir, e eu gostaria que continuassem a pensar isso de mim, porque é doloroso ser chamado ladrão quando se é ladrão. A todos os meus fãs continuem a gostar deste Oliver Style, eu sempre continuarei a inovar, pois gosto de viver a realidade.

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