Depois de “Gweva”, “Paragem” e “Outra face” – três curtas-metragens – produzidos e realizados no ano passado, no âmbito do projecto “Olhares Para o Território” por jovens anónimos e quase sem nenhuma experiência cinematográfica, a iniciativa regressa este ano para, não somente valorizar o talento e a imaginação juvenis ainda desconhecidos, mas acima de tudo, desnudar as histórias que se escondem na guetos de Maputo.
No ano passado, altura em que foi criada a “Oficina de Criação de Cinema Documentário” de Maputo, o cinema moçambicano “viu” a sua base de dados acrescida com três documentários.
De qualquer modo, o mais importante na façanha não foi a evolução numérica registada. O carácter informativo, as histórias, a denúncia de peripécias (algumas das quais lamentáveis) vividas pelas nossas gentes – o custo de vida, a crise de transportes, a falta de emprego – como forma de instigar a quem de direito a (re)direcciona-los os devidos esforços para modificá-los.
Tais documentários revelaram o talento e a capacidade criativa da juventude moçambicana – o que não é novidade – representada por 16 pessoas. O resultado do trabalho, qualquer coisa espectacular, provou que vale a pena apoiar a iniciativa.
Eis que a “Audiovisuales Sin Fronteras e o KUGOMA – Fórum de Cinema de Curta-metragem”, as instituições mentoras da ideia receberam mais uma vez o financiamento da Embaixada da Espanha em Moçambique, bem como, da Agência Espanhola de Cooperação Internacional ao Desenvolvimento (AECID) para continuar com o projecto.
Por outras palavras, isto equivale a afirmar que em 2012 realizar-se-à a II Oficina de Criação do Cinema Documentário de Maputo – “Olhares para o Território”. Jovens com idades compreendidas entre 18 a 28 anos são vasculhados para tomarem parte do evento.
Segundo os os protagonistas da iniciativa, os candidatos ao evento devem enviar a sua carta de motivação até 28 de Janeiro para os os endereços cinekugoma@gmail.com ou alba.martin@maec.es, a partir dos quais receberão instruções para efectuarem a respectiva candidatura.
A II Oficina de Maputo – “Olhares para o Território” irá decorre de 12 a 30 de Março, em continuidade a um projecto desenhado para quatro anos com a finalidade de especializar os participantes em termos de concepção e produção cinematográfica.
O projecto Audiovisuales Sin Fronteras (Audiovisuais sem Fronteiras) surge com o objectivo de “fomentar o diálogo e os novos espaços de comunicação intercultural, mediante a capacitação e a produção de audiovisuais criativos, procurando a autonomia local e criando uma rede entre Barcelona, Maputo e as restantes oficinas nos vários países envolvidos”, afirmam os mentores da iniciativa.
É por essa razão que o coordenador da iniciativa, Andrés Morte reiterou: “Não pretendemos ocidentalizar a expressão visual. Defendemos a acessibilidade tecnológica como forma de democratizar as formas de expressão. Queremos filmar um diálogo audiovisual intercultural, que nos ensine a conhecer o habitat das cidades, o trajecto dos seus habitantes e o dia-a-dia da sua realidade social.”
Terminada a Oficina de Criação, os documentários serão exibidos no âmbito do KUGOMA a ter lugar em espaços públicos, ao ar livre, da cidade de Maputo. Trata-se de locais como a terminal de chapas da Marinha, na KaTembe, o campo de futebol, no mítico bairro da Mafalala, no pelado desportivo de KapeKape localizado no bairro de Chamanculo, a Escola Nacional de Artes Visuais, no bairro do Aeroporto, entre outros.