Pelo menos 22 reféns estrangeiros continuavam desaparecidos, esta Sexta-feira (18), depois que as forças argelinas invadiram um complexo de gás no Saara e libertaram centenas de trabalhadores que haviam sido sequestrados por militantes islâmicos, numa operação que também causou a morte de dezenas de reféns.
Enquanto os líderes ocidentais clamam por detalhes da acção argelina da Quinta-feira, sobre a qual dizem não ter sido consultados, uma fonte local disse que a planta de gás continua sitiada por militares, com alguns reféns no interior.
Trinta deles, incluindo alguns ocidentais, foram mortos durante o ataque da Quinta-feira, junto com pelo menos 11 sequestradores, que disseram ter invadido o local numa retaliação pela intervenção militar francesa contra militantes islâmicos do vizinho Mali.
Na manhã da Sexta-feira, ainda havia 14 japoneses e 8 noruegueses desaparecidos, segundo as suas respectivas empresas. Um engenheiro irlandês que sobreviveu à acção disse ter visto quatro jipes cheios de reféns a serem explodidos pelos militares.
Os comandantes argelinos afirmaram que decidiram agir, após cerca de 30 horas de cerco, porque os militantes exigiam levar os reféns para o exterior.
A fonte que falou à Reuters disse que entre os pelo menos sete estrangeiros mortos há dois japoneses, dois britânicos e um francês. As nacionalidades dos demais, e de dezenas que podem ter escapado, não está clara.
Cerca de 600 trabalhadores argelinos, que estavam sob vigilância menos intensa, sobreviveram. Uma fonte diplomática britânica disse não haver informações que indiquem o fim do cerco.
“A situação ainda está realmente fluída no terreno. Não temos informação das autoridades argelinas de que teria acabado.” O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, abreviou uma visita ao Sudeste Asiático, sua primeira viagem oficial desde que assumiu o cargo, para acompanhar a crise, segundo um porta-voz.
O chefe de gabinete do governo, Yoshihide Suga, disse que “a acção das forças argelinas foi lamentável”.
Mais ataques
Os governos dos EUA, Roménia e Áustria também disseram que os seus cidadãos foram sequestrados pelo grupo que se intitula “Batalhão de Sangue”, e que exige o fim da ofensiva militar iniciada há uma semana pela França no Mali.
O grupo, ligado à Al Qaeda, prometeu realizar mais operações e alertou os cidadão argelinos a “ficarem longe da instalação de companhias estrangeiras, uma vez que vamos atacar onde é menos esperado”, disse a agência de notícias da Mauritânia ANI, que tem contactos próximos com o grupo, citando um porta-voz da organização.
Reforçando a tese de líderes africanos e ocidentais que vêem uma insurgência islâmica multinacional no Saara, a fonte oficial disse que apenas 2 dos 11 militantes mortos eram argelinos, inclusive o líder do esquadrão.
Foram encontrados os corpos de três egípcios, dois tunisinos, dois líbios, um malinês e um francês – todos apontados como sequestradores, segundo a fonte.
O grupo dizia ter dezenas de guerrilheiros no local, e não ficou claro se algum deles conseguiu escapar.