Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Artigo com Impacto: Obra Dom Orione

Artigo com Impacto: Obra Dom Orione

O @Verdade publicou em Maio último uma reportagem sobre a Obra Dom Orione, localizada no bairro do Zimpeto, na cidade de Maputo. Da chegada do jornal aos leitores, ao aparecimento de pessoas de boa vontade e dispostas a apoiar o centro foi só uma questão de tempo.

Segundo Paulo Massango, secretário administrativo da Obra Dom Orione, poucos dias depois de ter sido publicado o artigo sobre a sua instituição, beneficiou de um apoio monetário na ordem dos 40 mil meticais, um valor que serviu para a aquisição de berços para as crianças.

Para além desta ajuda, diz Massango, há ainda outras pessoas, singulares e colectivas, que ofereceram bens materiais diversos. “Houve quem tenha optado por dar peças de roupa, fraldas descartáveis, produtos alimentares. Há também quem se mostrou interessado em prestar assistência de forma regular”.

Paulo Massango acredita que as ajudas resultam do impacto que o artigo causou nas pessoas. “No ano passado, houve um órgão de informação que veio fazer um trabalho sobre o nosso centro, mas o feito pelo @Verdade é que teve mais impacto, o qual se traduz, acima de tudo, no apoio que temos vindo a receber”, comenta.

Mais do que as pessoas estarem a ajudar o centro, os familiares, pais e mães das crianças que vivem na Obra Dom Orione sentiram-se comovidas pelo artigo publicado no @Verdade, de tal maneira que semanalmente vão visitar os seus filhos, algo que dantes não faziam, salvo raras excepções.

Segundo Paulo Massango, é lamentável o comportamento de certas pessoas que só se preocupam em levar os filhos para aquele infantário e depois remetem-se ao silêncio. “Quando nós acolhemos as crianças não é no sentido de tirar o papel de mãe ou de pai. É necessário que os progenitores e familiares das mesmas venham periodicamente inteirar-se da saúde dos seus filhos”, apela.

“Há crianças que, aos fins-de-semana, vão visitar os seus pais e familiares. Elas não estão num cativeiro. Podem visitar e ser visitadas. Quando a criança vê regularmente os seus pais ou familiares dificilmente pode esquecê-los. Ela fica mais familiarizada”, acrescenta.

O historial da Obra Dom Orione

O infantário da Obra Dom Orione é uma extensão da Divina Previdência, a Congregação dos Padres Orionitas com sede na cidade de Roma e com presença em mais de 30 países. Aquele centro dedica-se ao atendimento e acolhimento de crianças com necessidades especiais, sobretudo as que não têm família, embora as que a têm possam beneficiar também dos seus cuidados.

Em Moçambique, o espaço surgiu depois da guerra dos 16 anos por iniciativa de um sacerdote holandês. O centro inicialmente acolhia pessoas de quase todas as faixas etárias, mas poucos anos depois virou as atenções para ascrianças órfãs e outras que eram abandonadas no Hospital Central de Maputo, acolhendo-as. Contudo, o crescimento do número de pessoas a necessitarem de assistência obrigou a que se apelasse para a concessão de mais apoios visando fazer face à demanda.

Dantes, a Obra Dom Orione, para além de crianças, acolhia também pessoas adultas necessitadas ou desfavorecidas, mas o Ministério da Mulher e da Acção Social ordenou que o centro escolhesse um grupo-alvo específico, daí que se tenha transformado num infantário. O que as “mães” dizem?

Na Obra Dom Orione existem senhoras que prestam assistência às crianças durante todo o dia. Elas são tidas como segundas mães e, dentre várias tarefas, dão de comer aos petizes, lavam-nos e ajudam-nos no que for preciso.

Quando abordadas pela nossa equipa de reportagem, foram unânimes em afirmar que poucos dias depois de o @Verdade ter publicado a reportagem sobre a Obra Dom Orione assistiu-se a um movimento diferente naquele local.

“Recebemos várias visitas de pessoas provenientes de diferentes partes do país. O primeiro gesto de solidariedade foi o de um senhor que ofereceu ao centro um valor para a compra de berços que constituíam um dos grandes problemas. Igualmente, recebemos fraldas descartáveis, peças de roupa, e tantos outros bens”, dizem.

Apetecível aos estagiários

Ainda como corolário da reportagem publicada pelo @Verdade, a Obra Dom Orione tem sido um ponto de referência para estudantes de diferentes estabelecimentos de ensino, tais como a Universidade Eduardo Mondlane e o Instituto Superior Maria Mãe de África. Trata-se de estudantes que frequentam, na sua maioria, cursos que directa ou indirectamente têm a ver com a Acção Social e que escolheram aquele infantário para aulas práticas e estágios nesta área.

Segundo Paulo Massango, secretário administrativo da Obra Dom Orione, este tipo de movimento de estudantes notava-se, inclusive,nos anos passados, mas “intensificou-se depois de o @Verdade ter feito um trabalho sobre o nosso centro. Muitas pessoas que não conheciam e que nunca tinha ouvido falar da Obra Dom Orione passaram a conhecê-la”.

Sonhos ainda por concretizar

Não obstante os diversos tipos de apoios que o infantário da Obra Dom Orione tem recebido, ainda há obstáculos por ultrapassare planos e sonhos por concretizar. Um dos projectos, cujo término das obras e entrada em funcionamento estão previstos para este ano, é o organismo Poliambulatório, um complexo de medicina que contará com uma sala de fisioterapia, gabinete de atendimento médico para serviços de terapia de fala, psiquiatria, entre outros serviços de reabilitação para pessoas acometidas de deficiência motora e não só.

Segundo o director daquele infantário, Padre José Geraldo da Silva, neste momento as instalações precisam de ser apetrechadas. “Apenas temos a infra-estrutura, faltam-nos os equipamentos e recursos humanos para que possamos garantir o seu funcionamento”, afirmou.

“Nós queremos garantir os melhores serviços às crianças aqui do infantário e outras pessoas oriundas da comunidade. Criámos serviços que julgamos necessários, tendo em conta os problemas que as crianças que nós acolhemos têm”, acrescentou.

Aldo: o suposto abandonado

Na reportagem por nós feita referimos que o menino Aldo Lopes, de oito anos de idade, foi parar à Obra Dom Orione porque tinha sido abandonado pelos pais no leito do Hospital Central de Maputo. O padre que o descobriu encetou esforços no sentido de localizar os seus parentes, mas debalde. Perante aquela situação, e para tirá-lo da vulnerabilidade e garantir a sua protecção, decidiu levá-lo àquele infantário.

Curiosamente, o pai de Aldo, que na altura se encontrava em missão de serviço na província de Sofala, teve a oportunidade de ler o texto e um breve historial do seu filho. “Uma semana depois, o pai do Aldo apareceu aqui no infantário e disse que na verdade não tinha abandonado o filho, apenas deixou-o porque tinha de ir fazer um trabalho fora da província de Maputo.

Devido ao facto de a esposa ter largado a família, ele preferiu deixá-lo na casa de um familiar. Foi ele quem o deixou no hospital. Actualmente, ele liga regularmente para saber da saúde do filho, o que não acontecia antes de o jornal @Verdade publicar o artigo sobre o infantário”, conta.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!