O líder do BZO e governador da Carinthia, Jorg Haider morreu no passado sábado num acidente de viação, anunciou em primeira mão a polícia de Klagenfurt, a capital da Carinthia, província de que ele era governador desde 1999. Jorg Haider, que contava 58 anos, circulava só num carro de serviço numa estrada nacional ao sul da capital quando o seu veículo, por razões ainda desconhecidas, se despistou. Gravemente ferido na cabeça e no tórax, faleceu pouco depois não resistindo aos ferimentos. “Para nós é o fi m do mundo”, comentou Stefan Petzner, porta-voz e vice-presidente Aliança para o Futuro da Áustria BZO de Haider. Efectivamente, o BZO vivia completamente do carisma e da personalidade do seu líder, um animal político presente na cena política europeia há décadas. As origens políticas de Jorg Haider remontam à década de 70 e à direcção da juventude do Partido Liberal (FPO) que agrupava uma direita nacionalista. Em 1979, entra no parlamento. Mas é em 1986 que a sua presença se torna visível: com o auxílio da corrente Nacional-alemã, elimina a ala liberal do partido, virando o FPO radicalmente à direita. Na casa dos trinta, Jorg Haider é um jovem dinâmico que conhece o sucesso denunciando a deriva dos partidos tradicionais, nomeadamente os socialistas mergulhados em sucessivos escândalos fi nanceiros. Nesta altura aproveita como ninguém a onda nacionalista que levou o antigo Secretário Geral da ONU Kurt Waldheim à presidência da Áustria, fazendo do “respeito pela geração de soldados”, isto é, a dos combatentes nazis, um cavalo de batalha. Em 1989, arrebata o governo da Carinthia aos sociais-democratas e torna-se governador graças a uma aliança com os conservadores. Em 1991, renuncia temporariamente na sequência de declarações complacentes relativamente à política do III Reich. Reconquistará Klagenfurt em 1999 para aí construir o seu feudo. Em 2000, com a entrada do seu partido no governo federal, em coligação com os conservadores do OVP, Haider alcançou o seu êxito mais estrondoso na política. Criticado pela comunidade internacional, declinou o cargo de vice-chaceler que lhe devia corresponder, permanecendo à frente do governo da Carinthia. Com cinismo referiu-se àqueles que o criticavam pelas simpatias nazis. Chamou “Napoleão de bolso” a Jacques Chirac, “mala” a Gerhard Schroeder e terrorista de esquerda ao ministro Fischer. No auge do embargo ao Iraque viajou para Bagdad, encontrando-se com Saddam Hussein. Nas últimas legislativas, em Setembro último, obteve 29% dos votos, tornando-se a segunda maior força política do país. Há pouco dias, Haider projectava uma possível participação no governo em coligação com os conservadores.