O presidente Barack Obama disse neste domingo que os Estados Unidos ajudarão a impulsionar a África no caminho da prosperidade e da paz, e exortou o continente a seguir o exemplo de Nelson Mandela. Na África do Sul na segunda etapa de uma viagem por três nações africanas, o líder norte-americano visitou a sombria ex-prisão na ilha de Robben para prestar homenagem ao ex-presidente Mandela, outrora detido ali e hoje gravemente doente num hospital em Pretória.
Mais tarde Obama mencionou o legado de Mandela, que ficou aprisionado na ilha durante a maior parte dos 27 anos que passou na prisão antes de se tornar o primeiro presidente negro da África do Sul, num discurso na Universidade da Cidade do Cabo. O presidente, o primeiro chefe de Estado afro-americano dos EUA, disse que a luta de Mandela contra o apartheid pavimentou o caminho para a liberdade e a oportunidade muito além das fronteiras sul-africanas.
“Nelson Mandela mostrou-nos que a coragem de um homem pode mexer com o mundo”, disse Obama. Ele instou a plateia a não descansar até que mais seja feito para erradicar a pobreza e a doença e pôr fim à corrupção governamental e à guerra. “Há uma energia aqui: a África a erguer-se”, declarou. “Sabemos, entretanto, que este progresso jaz sobre uma fundação frágil, que é desigual”.
Obama disse que a sua visita a Robben Island foi particularmente comovente por poder dividir a experiência com as suas filhas Malia, de 15 anos, e Sasha, de 12. Ainda ali, Obama foi à cela de Mandela, repetindo uma visita anterior que fez como senador em 2006.
A luta de Mandela, de 94 anos, com uma infecção pulmonar, vem sendo um pano de fundo sombrio para a viagem de oito dias de Obama pela África. O governo sul-africano diz que a sua condição é “crítica, mas estável”. Obama encontrou-se com parentes de Mandela em Johanesburgo no sábado para entregar uma mensagem de apoio, ao invés de visitar o ex-presidente no hospital onde passou as últimas três semanas.
O líder norte-americano descreve Mandela como um “herói pessoal”, e lembrou aos seus ouvintes na África que o seu primeiro ato de ativismo político foi incitar a sua faculdade nos EUA a abdicar dos seus investimentos na África do Sul em protesto contra o apartheid.
Os assessores de Obama informaram que ele escolheu a Universidade da Cidade do Cabo como local do seu maior discurso no continente por causa do discurso do então senador Robert Kennedy ali em 1966, comparando a luta para superar o apartheid com o movimento dos direitos civis nos Estados Unidos.
“Teria parecido inconcebível naquela ocasião que, menos de 50 anos mais tarde, um presidente afro-americano poderia se dirigir a uma plateia mista na mais antiga universidade da África do Sul, e que esta mesma universidade teria concedido um diploma honorário ao presidente Mandela”, declarou Obama.
Nem todos ficaram impressionados com sua presença, entretanto. Alguns manifestantes juntaram-se do lado de fora da universidade antes de seu discurso com cartazes atacando a política externa dos EUA com os dizeres “Obama assassino de massas” e “Acabe a guerra dos drones agora”.
Na Cidade do Cabo, Obama também visitou um centro de saúde para sublinhar os esforços norte-americanso no combate à SIDA no continente. Durante esta visita, outro veterano anti-apartheid, o bispo anglicano aposentado Desmond Tutu, disse a Obama que os africanos sentem afinidade com ele e que têm grandes expectativas a seu respeito. “O seu sucesso é nosso sucesso. O seu fracasso, quer você goste ou não, é nosso fracasso”, disse-lhe Tutu.