O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse, Segunda-feira, que a matança cometida, Domingo, por um soldado norte-americano no Afeganistão reforça os argumentos em prol duma retirada das tropas dos EUA do país.
“Isso deixa-me mais determinado a garantir que vamos trazer as nossas tropas à casa”, disse Obama ao canal de TV KDKA, afiliada da rede CBS em Pittsburgh.“Já é hora. Já faz uma década, e francamente, agora que pegamos Osama Bin Laden, agora que enfraquecemos a Al Qaeda, estamos numa posição mais forte para fazermos a transição do que estaríamos a fazer há dois ou três anos”, acrescentou.
Mas Obama disse que não considera conveniente “correr para a saída”, e que a desocupação precisa de ser feita de forma responsável.
Em Maio, Obama será o anfitrião duma cúpula da NATO que examinará as opções para uma gradual redução das forças ocidentais no Afeganistão, transferindo para as tropas locais a responsabilidade pela segurança.
A maioria das forças ocidentais deve deixar o Afeganistão até o final de 2014. Washington negocia actualmente um acordo para manter as forças especiais e consultores militares no Afeganistão, na esperança de evitar que o país mergulhe no caos.
Noutras entrevistas, ao canal WFTV, afiliada da ABC em Orlando, Obama foi questionado sobre eventuais paralelos envolvendo a matança de Domingo, que vitimou 16 civis, principalmente mulheres e crianças, numa aldeia da província de Kandahar (sul), e o célebre massacre de My Lai, ocorrido em 1968 durante a Guerra do Vietname.
“Não é comparável”, disse Obama. “No caso do Afeganistão parece que foi um atirador solitário, agindo por conta própria. Não é de forma alguma representativo dos enormes sacrifícios que os nossos homens e mulheres têm feito no Afeganistão.”
Uma fonte oficial dos EUA disse que o sargento responsável pela chacina recebeu atendimento médico depois de sofrer uma lesão cerebral traumática, por causa do capotamento dum veículo onde ele estava, em 2010, no Iraque.
Essa fonte, falando sob anonimato, disse que é prematuro dizer se há alguma ligação entre a lesão de 2010 e o incidente de Domingo no Afeganistão.