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Obama aumenta vantagem

Eleições norte-americanas

A menos de um mês da eleições para a Casa Branca as sondagens indicam um reforço da liderança de Barack Obama sobre McCain. A crise financeira que abala os Estados Unidos parece ser responsável por este alargamento. Chegou a hora do tudo ou nada.

“Podemos ganhar as eleições sem ganhar na florida, mas se vencermos na Florida já não haverá dúvidas quanto ao vencedor”, assegurou Barack Obama em Miami há duas semanas. Então isso parecia uma missão impossível. Com efeito, uma vitória na Florida, onde George W. Bush ganhou duas vezes, seria um golpe decisivo na noite eleitoral, talvez mesmo o prelúdio de uma vitória esmagadora. Todavia, há duas semanas, John McCain encontrava-se claramente à frente nas sondagens no que diz respeito à Florida e era um dado adquirido que este Estado, onde se encontra a população mais idosa do país, um feudo de militares na reforma e de latino-americanos exilados por regimes esquerdistas, não apoiariam um candidato democrata negro que confessou estar disposto a negociar com Raúl Castro.

 

Efectivamente, isto era assim na Florida em noutras partes dos Estados Unidos até estalar a crise em Wall Street, que situou a economia no centro das preocupações da maioria do eleitorado, precipitando uma série de movimentos que colocaram, melhor do que nunca, em evidência as virtudes e os defeitos de ambos os candidatos.

De então para cá, quando falta menos de um mês para a ida às urnas, Obama passou a liderar as três últimas sondagens realizadas na Florida, e numa delas com oito pontos de vantagem sobre McCain. As reservas sobre o passado de Obama, a cor da sua pele e a inexperiência, foram postas de lado perante o risco que ameaça as pensões e as poupanças do enorme número de reformados que povoa o litoral deste Estado.

O mesmo aconteceu noutros Estados em que a economia aperta e as eleições se jogam em apenas parcos milhares de votos. Assim, McCain deixou de liderar as sondagens no Ohio – outro Estado decisivo – bem como no tradicional baluarte republicano da Virgínia, vendo- se inclusivamente ameaçado num Estado tão conservador e religioso como a Carolina do Norte.

Obama consolidou igualmente a vantagem em Estados que McCain lhe estava muito próximo, como a Pensilvânia, e praticamente arredou da corrida num território tradicionalmente democrata mas que há pouco McCain se atrevia a dizer que poderia vencê-lo. Trata-se do Michigan. Simultaneamente, Obama solidifica a sua ascensão nos Estados do oeste até agora vetados aos democratas, como o Colorado ou o Nevada. Os cálculos que Karl Rove, um antigo assessor de Bush, efectua diariamente na sua página de internet não deixam dúvidas acerca de uma vitória do candidato da oposição. Não só porque a sua vantagem nas sondagens nacionais se consolidou acima da margem de erro – cerca de seis pontos na média elaborada pela Real Clear Politics, a mais alta desde que os dois iniciaram a corrida à Casa Branca – mas também porque essa distância repete-se na repartição dos votos por Estado, sistema mediante o qual se elege o presidente.

Obama está há meses a tecer uma ampla rede de contactos (recebendo inclusive o surpreendente apoio da Fundação Nacional Cubano Americana) num Estado em que partia praticamente do zero e onde nas primárias arrasou Hillary Clinton. Hoje conta já com 50 escritórios e 350 empregados na Florida. Como consequência disto, os democratas registaram meio milhão de votantes a mais do que os republicanos. Imediatamente após a eclosão da crise financeira, em pleno momento de desorientação, o instinto levou McCain ao gesto teatral de suspender as suas actividades, enquanto Obama apresentou-se diante do eleitorado com uma serenidade e uma segurança sem precedentes. “Senhor Frio contra Senhor Quente”, parodiou a capa da revista Newsweek.

Se a economia continua a dominar o debate nacional, não vai ser fácil modificar o rumo desta campanha. McCain necessita de introduzir novos elementos que distraíam a atenção do eleitorado dos males da crise económica. Elementos da sua campanha já estão a trabalhar no assunto. Na Florida, por exemplo, começou na sextafeira uma nova campanha de anúncios televisivos em que se adverte para o perigo que representam para os Estados Unidos a eleição de um presidente débil face aos inimigos externos.

Outros anúncios com estas características, apelando ao medo dos votantes, aos rumores sobre a biografia de Obama e ao seu suposto, ainda que discutível, esquerdismo começaram a circular este semana. Os estrategas de McCain reconheceram ao “Washington Post” que a campanha irá, a partir de agora, endurecer e que o objectivo é conseguir que o foco se desvie novamente para a figura do candidato democrata e que o debate deverá voltar a versar sobre os valores pessoais.

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