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O transportador do jornal

O transportador do jornal

Óscar Cunha Amaral, ou simplesmente Jacaré, como é carinhosamente tratado, é quem garante o transporte do jornal @Verdade da gráfica, em Nelspruit, África do Sul, à sede do jornal, na avenida Mártires da Machava, em Maputo. Não se lembra de quando é que chegou ao jornal, porém, diz que “foi através de um amigo que me chamou porque soube que o @Verdade precisava de um carro com contentor para transportar o jornal. Cheguei, viram o carro e gostaram. A minha integração foi fácil porque já conhecia o senhor Sérgio Labistour, director de distribuição. Foi ele quem me explicou tudo”.

O primeiro dia

Jacaré considera que a primeira vez que fez o carregamento foi fantástica. Foi à Nelspruit na companhia de um funcionário que já conhecia todo o processo de carregamento. Foi uma combinação perfeita uma vez que ele era o “homem da estrada”.

Quando começou, a tiragem era ainda de 50 000 exemplares e o jornal era organizado em paletes com 5000 exemplares cada. Das 10 paletes, era necessário reorganizar o jornal em molhos que divididos chegavam aos 500 de modo a acomodá- lo no camião. Nesse processo, segundo conta Jacaré, a grande dificuldade foi quando as Alfândegas exigiam a contagem molho por molho, o que levava muito tempo.

Contudo, e com o andar do tempo, pensou numa nova estratégia que passou necessariamente por arrumar o jornal em paletes e já num camião maior, o que reduziu também os custos para o próprio jornal.

O processo de transporte Todas as quintas-feiras, Jacaré desloca-se à cidade sul-africana de Nelspruit, onde está localizada a gráfica. Sai sempre nas primeiras horas do dia e a viagem dura entre quatro e cinco horas, dependendo do fluxo do trânsito.

A mesma rotina é feita da gráfica à cidade de Maputo. No total, o motorista do @Verdade leva oito horas na estrada. “Apenas chego a Nelspruit para fazer o carregamento. Enquanto estou na estrada o jornal está a ser impresso”.

O pior momento “Quando cheguei à fronteira da Moamba, já do lado moçambicano, como sempre, as Alfândegas mandaram parar o camião e levaram os meus documentos para a fiscalização normal. Só que, de repente, passou um carro que não parou para a inspecção e os oficiais tiveram de persegui-lo. Foram com os meus documentos e fiquei ali em apuros porque não podia seguir viagem.

Tive de esperar. Já passava das 18 horas. Quando o agente retomou ao local, uma hora depois, veio ter comigo sem o documento que teria ficado no carro em que seguia que, por sua vez, foi levado por um colega dele para a Vila da Moamba. Foi um processo que durou cerca de duas horas. Eles pediram desculpas porque viram que tinham cometido um erro”.

O momento marcante

O seu momento marcante foi quando regressou a Maputo por volta das 17 horas de quinta-feira porque a impressão do jornal tinha terminado às 11 horas.

Os desabafos

Sair da cidade de Maputo às 7h30 e chegar à Nelspruit antes de a impressão do jornal ter terminado é algo que lhe deixa irado, mas como um bom profissional diz estar preparado para tal. “É constrangedor para mim, mas paciência, é o meu trabalho e tenho que me sujeitar a isto”.

Com os dedos cruzados, como quem roga para não deixar escapar alguma inverdade, ele acrescenta que “houve no jornal um problema meramente interno no princípio do ano passado que me fez não ir a Nelspruit. Foi triste e ao mesmo tempo embaraçoso para mim porque todas as minhas quintas-feiras são dedicadas ao jornal”.

Óscar Cunha Amaral Sobre as viagens, Jacaré não esconde que no princípio foram cansativas mas com a aquisição do novo camião, actualmente em uso, sente-se mais confortável. “Sinto-me bem com o novo meio. Comprei-o com o pouco que ganho no jornal. Contraí um empréstimo e já estou a liquidá-lo”.

O medo de testemunhar a “morte” do jornal

À semelhança de muitos, senão de todos os funcionários, Jacaré teve um mau pressentimento quando a tiragem do jornal passou de 50 mil exemplares para os actuais 20 mil. “Pensei que tudo fosse acabar. Mas, felizmente, estamos a trabalhar e fico alegre só de saber que há a probabilidade de se voltar a imprimir 50 mil exemplares”.

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