“Frio na barriga dos actores, a ansiedade da plateia está no ar… Antes do terceiro sinal a grande reza e seja o que os deuses do teatro quiserem, pois, de qualquer jeito, o ‘show’ não pode parar!”. Foi com essas palavras que, nesta terça-feira (9), o grupo de teatro brasileiro “As Lucianas” tomou conta do palco do Centro Cultural Brasil-Moçambique (CCBM), para trazer, através do drama, do humor, do lírico, várias realidades de afectos (im)possíveis com a peça “O Folclore do Amor”.
O primeiro trabalho mostrado pelo grupo, baseia-se no expressionismo alemão e na dança-teatro. Chama-se “Vidas Cíclicas” e a sua narrativa circunda em torno do nascimento, da infância, da adolescência, da maturidade, da maternidade, da velhice e da morte. Essas etapas da vida fazem com que o público reflicta sobre a sua própria existência e os rumos que a mesma pode nos oferecer.
Contrariamente a esta situação, diga-se de passagem, meio dramática, no “Folclore do Amor” a apaixonante história é protagonizada pelo Literário e Cordelina. Trata-se, na verdade, de um casal que vive brigando, mas no fundo só querem entender o que é o amor.
“Os grandes casais de amor da história, da literatura, dos desenhos animados e até da vida real são relembrados nessa fábula que mostra que o clássico e o popular têm lugar dentro das letras e que o amor vence todas as barreiras”. Na criação do mundo, por exemplo, após terem comido da ‘árvore proibida’ o casal, Adão e Eva, passaram por situações difíceis no seu relacionamento.
Foi a primeira actuação feita pelo grupo fora do seu país. Mas, o que surpreendeu ao público presente é a capacidade que os jovens têm de reconciliar as nações. De trazer as duas realidades. Afinal de contas, tratava-se de um projecto que visa comemorar os 40 anos da Assinatura dos Acordos de Lusaka em Moçambique e dos 192 anos da independência do Brasil, ambos assinalados no dia 7 de Setembro.
Com 11 de existência, “As Lucianas” têm um foco especial para a arte de rua. No seu repertório, o grupo possui 20 prémios, dois quais alguns angariados em espectáculos e outros em diversas categorias como na direcção, nos textos, nas actrizes, nas maquiagens.