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O perigo (ainda) mora na Avenida Marginal

Um verdadeiro perigo à vista de todos, é a situação que @Verdade constatou (em Novembro de 2009 e hoje persiste), ao longo dos cerca de 4 km de percurso, pela avenida Marginal de Maputo, a caminho das praias e da Costa do Sol, onde partes do murete que serve de barreira/protecção dos que visitam aquele espaço, há muito já desabou e passou a colocar, permanentemente, vidas humanas em perigo.

São partes do muro quebradas pela erosão marítima ou por mão humana, e outras na iminência de ruir a qualquer momento. A par de tudo isto, alguns dos bancos ali colocados também ruiram e, nas imediações do Clube Naval, uma enorme cratera se abriu, após o murete ter desaparecido, completamente, num espaço de quase 6 metros. Em suma, o perigo mora mesmo naquela avenida marginal, zona linda e nobre da capital perante um completo alheamento por partes das entidades municipais responsáveis.“Trata-se de um perigo de se tirar o chapéu, sobre o qual ninguém de direito deveria dormir descansado!”, comentou um transeunte à nossa reportagem.

“Uma grosseira falta de respeito”

De facto, além deste perigo iminente, constatámos também a preocupação que reina nos poucos cidadãos que ainda se aventuram a disfrutar a beleza daquele local, pela dúvida de se algum dia aquela muralha irá beneficiar de obras de reabilitação, de modo a devolver-lhes a tranquilidade que há muito perderam. “Esta situação que dura há já muito tempo, nas barbas do nosso Conselho Municipal, revela uma verdadeira incompetência e uma grosseira falta de respeito pela vida dos munícipes”, avançou um casal mais afoito e descontente com a situação. Com efeito, pelo que a nossa reportagem pode constatar, os munícipes pareceram estar todos muito preocupados com a triste realidade, e recordaram o considerável número de visitantes que antes procuravam aquele espaço, nas tardes soalheiras, para convívios de amigos ou de família.

Ainda nas imediações do Clube Naval, o casal Aida Alfredo e Jonas Timbe, na companhia dos filhos, deliciavam-se com a beleza costeira. Referiram que frequentam raras vezes aquele local, nos últimos tempos, devido ao perigo que ali está patente. “Quando decidimos trazer aqui os miúdos a passear nunca os deixamos sozinhos porque, como podem ver, a insegurança é tão grande que não deixa nenhum cidadão tranquilo”. À semelhança desta família, @ Verdade conversou também com Jerónimo Cuamba que, na companhia de sua colega Rosinha, depois de uma jornada laboral desgastante, decidiram passar por aquele local para, segundo eles, se refastelarem e de seguida voltarem ao repouso de casa. ” Antes, era normal as pessoas sentarem-se sobre o muro, mas, agora, é uma utopia porque, ou não existe muro ou está todo a cair, e quando a maré sobe ele treme denunciando o seu estado avançado de degradação”, disseram.

A alguns metros, dois adolescentes pareciam não ter presente este perigo. Com duas caixas, cortadas a meio, instalados sobre o trémulo muro, colocavam à disposição os ovos cozidos, doces e bolachas que procuravam vender aos transeuntes. Questionados sobre o perigo, responderam de nada se preocuparem a não ser com a venda de que resultará o seu sustento. “Estamos aqui à procura de pão, o resto pode acontecer mesmo longe deste lugar” – filosofou o mais velho mas, pensando melhor, ambos abandonaram aquele local optando por outros lugares mais seguros.

Obras talvez no final de 2010

Desde sempre, a avenida marginal de Maputo, serpenteada a longo da costa e ladeada por palmeiras, constituiu uma varanda sobre a baía e, por isso, local preferido para momentos de veraneio ou de fins de tarde aprazíveis, com fotos para mais tarde recordar os prazeres que nela se permite disfrutar. Tal como ela, também a avenida 10 de Novembro chama a si a mesma preferência por parte da população, especialmente dos namorados amantes dos locais romãnticos É toda essa beleza e bem-estar que, com este alheamento, foi retirado a estes dois lugares, com o especial destaque negativo para a chamada Avenida da Marginal.

Fala-se que se perspectiva uma actuação naquele local onde serão aplicados 25 milhões de dólares mas, a acontecer, isso só terá lugar no final da segunda metade de 2010. Com efeito, foi noticiado que David Simango, presidente do Conselho Municipal de Maputo, anunciou estarem criadas as condições para realização de uma intervenção/ reabilitação de toda a zona costeira da cidade.

Segundo o autarca, o estudo-executivo já foi elaborado decorrendo agora o processo de negociação com os parceiros por forma a serem conseguidos os necessários 25milhões de dólares para suporte da obra. David Simango disse também esperar que até Março do próximo ano esteja concluído o processo negocial para depois ser dado andamento à fase de implementação do projecto.

Temos assim que, sem que outra intervenção imediata esteja prevista, o perigo vai continuar a morar na Avenida da Marginal, local que é a verdadeira janela da cidade debruçada sobre a nossa baía.

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