Ser o detentor de um recorde do Campeonato do Mundo não é para qualquer um. No topo da lista dos homens que fizeram história na maior competição do futebol internacional está Pelé, jogador que conquistou o maior número de títulos mundiais de selecções com o tricampeonato em 1958, 1962 e 1970.
Já o argentino Diego Maradona tem o maior número de participações como capitão, com 16 jogos vestindo a braçadeira da Albiceleste. Por sua vez, o inesquecível Roger Milla ainda é o jogador mais velho a ter disputado um Mundial — ele tinha 42 anos e 39 dias de idade quando defendeu a selecção dos Camarões em 1994. Em 2010, os três nomes que escreveram a história do futebol poderão ganhar uma nova companhia no Livro dos Recordes.
Trata-se de Thulani Ngcobo, cuja maior façanha até agora está em acompanhar das arquibancadas todas as partidas da sua equipa favorita, o Kaizer Chiefs da África do Sul. O rapaz, de 29 anos, promete superar o recorde individual de maior número de partidas assistidas num único torneio depois de vencer um concurso organizado pela MTN, empresa de telefonia móvel parceira da FIFA, para escolher o maior adepto do país anfitrião. “É uma oportunidade que só aparece uma vez, e tenho a certeza de que vou conseguir ser o melhor adepto não apenas deste Mundial histórico, mas também de todo o planeta”, diz Ngcobo, cuja vitória no concurso o levará a assistir 38 jogos do Campeonato do Mundo 2010.
O sul-africano destaca que pretende bater o recorde mundial actual de 20 partidas. “Escolhi 38 jogos que começarão com a partida de abertura entre África do Sul e México e irão até a final em 11 de Julho.” O adepto do Kaizer Chiefs vê a oportunidade de bater o recorde mundial como o segundo maior momento do seu romance com o futebol. “Nada pode superar o dia em que a África do Sul conquistou o direito de acolher este Campeonato do Mundo, nem mesmo a própria competição.
Foi uma vitória não só do meu país, mas de todo o continente africano, e lembro-me de comemorar como se não houvesse amanhã quando a nossa candidatura saiu vitoriosa.” “Somos um continente pobre, e a maioria dos nossos adeptos iria passar a vida toda sem poder assistir a um jogo do Campeonato do Mundo. Mas, com a competição aqui, poderemos mostrar todo o nosso amor por este desporto fantástico e também teremos a oportunidade de ver os jogadores mais talentosos do mundo demonstrando as suas habilidades.”
O morador de Tshwane/Pretória explica que os benefícios do Campeonato do Mundo da FIFA já são visíveis no país. “As nossas estradas e aeroportos passaram por uma enorme reforma e muitos empregos foram gerados para o nosso povo”, exemplifica.
Casa própria
Entretanto, o que faz os olhos dele brilharem são as instalações que foram construídas para a prática do futebol. “Agora vamos ter campos suficientes. Nada me irrita mais do que saber que um jogo foi adiado ou substituído por uma partida de rugby. Especificamente, lembro-me de algum tempo atrás, quando a final do Campeonato Telkom foi transferida no último minuto do Ellis Park em Johanesburgo para Mafikeng porque o estádio havia sido reservado para um jogo de rugby. Aqueles dias ficaram no passado.”
Ngcobo, que afirma assistir a até quatro partidas por semana, acredita que pode superar o recorde de 20 jogos. “Os patrocinadores programaram dois jogos por dia, o que será realmente fácil, porque a logística de transporte e hospedagem foi bem planeada e também conta com patrocínio.” Sem se preocupar com os detalhes burocráticos, ele pretende aproveitar todos os momentos e já escolheu os seus jogos favoritos. “É claro que a partida de abertura será uma grande emoção para mim. Não vejo a hora de assistir à espectacular cerimónia e apoiar a selecção Bafana Bafana na estreia contra o México. Como eu, os nossos jogadores também vão reescrever os livros de história deste país.
A final será ainda mais especial, pois vou comemorar a minha conquista no magnífico Estádio Soccer City.” Além do jogo de abertura, Ngcobo destaca a maravilhosa possibilidade de acompanhar selecções como Brasil, Itália, França, Espanha, Camarões e Costa do Marfim. “Alguns anos atrás, só em sonho eu poderia imaginar a possibilidade de ver craques como Messi, Kaká, Henry, Drogba, Eto’o, Fernando Torres e Cristiano Ronaldo”, conclui.