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O jovem que escapou à amputação por um triz

O jovem que escapou à amputação por um triz

Edson Cabral, de 28 anos de idade, residente no bairro das FPLM, arredores da cidade de Maputo, é simplesmente um jovem cujo milagre operou na sua vida. Sofreu um acidente de viação na África do Sul e contraiu várias lesões, dentre as quais a perda do movimento dos membros inferiores. Teve que passar por quatro cirurgias, das quais três erradas, para voltar a andar.

O @Verdade foi ao encontro de Edson Cabral, que na primeira pessoa reconstitui aos factos. Em 2007, desloca- se à cidade de Johanesburgo, na África do Sul, onde ia gozar férias junto dos seus primos. Na tarde do dia 01 de Setembro do mesmo ano, a caminhar com o seu amigo pelas artérias daquela urbe, ambos decidiram atravessar a estrada para a outra margem. De repente, Edson foi arrastado por uma viatura que vinha à alta velocidade.

No incidente, que aconteceu a escassos metros da sua residência, ele perdeu a consciência, os movimentos dos membros inferiores e parte das costelas ficou partida. Imediatamente, o caso espalhou-se e os vizinhos chamaram a ambulância e instantes depois era encaminhado para Johanesburg Hospital. Devido à gravidade das lesões foi directo para a sala de reanimação e submetido a uma cirurgia.

Edson Cabral disse-nos ainda que permaneceu quatro dias desacordado. Após sucessivas observações médicas passou por um tratamento intensivo durante duas semanas e com uma vigilância constante de agentes de saúde sul-africanos.

Como se diz em gíria popular: “a má notícia espalha-se rapidamente”. E assim aconteceu. A informação chegou à sua mãe e de seguida à sua mulher, que na altura estavam na cidade de Maputo. Houve gritos e desespero na família pois a saúde de Edson parecia estar no fim.

Apesar da medicação e de todo o acompanhamento médico personalizado, o seu estado clínico piorava dia após dia. Os resultados das análises eram insatisfatórios, o que obrigou a realização de uma segunda cirurgia. Mas recuperou a consciência.

Nas suas palavras, passado algum tempo, os ferimentos continuavam críticos e teve que ser submetido a uma terceira operação. Meses depois, os especialistas do Johanesburg Hospital constataram que nos exames anteriores haviam ocorrido erros médicos durante as cirurgias.

Informaram-no que naquele hospital, a partir daquele momento, não havia outra alternativa senão amputar os membros inferiores porque nenhuma medicação administrada até então trouxera resultados com vista à recuperação dos movimentos. Sem opção, Edson Cabral aceitou mas com reservas.

Entretanto, antes da amputação, o paciente passou por uma outra sessão de exames, incluindo raio x. Para o desespero de Edson, observou-se que para além das costelas quebradas, existia outro problema nos pulmões resultante de uma intensa hemorragia, o que contribuiu, em certa medida, para que ficasse imobilizado por algum tempo.

Perante a gravidade da situação, recebeu, de um casal de pastores, visitas e orações constantes. Confessou-nos que traziam-lhe um novo alento e motivavam-lhe a assumir o estado de saúde em que se encontrava como um destino.

A fuga do hospital

No meio dessas orações, Edson Cabral fazia um exame de consciência e de repente começou a desconfiar dos trabalhos médicos a que era sujeito. Decidiu encetar uma fuga do hospital. Pediu ao companheiro de quarto – por sinal de viagem na qual ficou acidentado e com quem conversava – que lhe emprestasse a sua cadeira de rodas para ir ao quarto de banho. Aceite o pedido, Edson fugiu do hospital rumo à casa. Uma semana depois a saúde deteriorou-se ainda mais. As dores intensificaram- se. Os ferimentos começaram a exalar um cheiro nauseabundo.

A situação obrigou-o a aceitar, definitivamente, a amputação dos membros inferiores. “Depois de ver que estava a morrer aos poucos, tive que aceitar que me amputassem os membros porque estava a dar mais trabalho aos meus familiares. Estava a contribuir para a deterioração do meu quadro clínico. Por isso, voltei ao hospital e não me queriam atender por ter abandonado o tratamento”.

Depois de muito diálogo com a direcção do hospital, “receberam- me novamente para recomeçar o tratamento”. Porque tudo devia ser recomeçado, Edson teve que aguentar uma quarta cirurgia feita por um especialista chinês.

Este descobriu que “todos os exames anteriores foram mal feitos”. Da operação feita pelo novo cirurgião, vieram melhorias. Semanas depois Edson sentiu que podia voltar a caminhar sem ser necessário amputarem- lhe os membros.

Passou por sessões de fisioterapia, onde, nos primeiros dias, usava a cadeira de rodas, como auxílio de locomoção, da qual se distanciou para usar muletas. Iniciava uma nova esperança por alimentar. Passados seis meses, recebeu a notícia de que podia voltar a andar, mas viu que as suas modalidades desportivas favoritas – futebol e atletismo – estavam hipotecadas. Não mais poderia praticá-las.

Os primeiros passos

Como uma criança que começa a locomover-se faseadamente, Edson Cabral começou a deixar de depender da cadeira de rodas e de muletas, dando os primeiros passos. Sentiu-se aliviado como se estivesse a acordar de um sono profundo. Voltou a sorrir e devolveu a alegria à família.

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