A ocupação israelita, o marasmo econômico e a falta de uma perspectiva de paz provocam desde a segunda Intifada de 2000 um forte êxodo de palestinos cristãos da Cisjordânia e de Gaza que preocupa o Papa Bento XVI, às vésperas de sua chegada à Terra Santa, na próxima semana.
“Muitas pessoas partiram”, lamenta Feriel Majluf. “Meu filho está na Austrália; minha filha, nos Estados Unidos; minha cunhada, no Canadá”, enumera esta cristã de Beit Jala, cidade de 17.500 habitantes, localizada próximo a Belém.
Este êxodo preocupa o Papa Bento XVI, que não deseja que a região se torne “um sítio arqueológico desprovido de vida eclesiástica”. O Sumo Pontífice quer levar seu apoio aos cristãos da Terra Santa por ocasião de sua visita de 11 a 15 de maio. “Esperamos impedir a emigração cristã”, declarou monsenhor Fuad Twal, patriarca latino de Jerusalém em declarações à revista católica ‘Terrasanta’.
Segundo o patriarca, representam 2% da população, quando em 1970 chegavam a 3%. “A quantidade de cristãos é, segundo as estimativas mais favoráveis, de 50.000 nos territórios palestinos”, explica Bernard Sabella, professor de Sociologia da Universidade de Belém, e se dividem entre 52% de ortodoxos e 30% de católicos.
O auge do êxodo ocorreu entre 2000 e 2002, durante os primeiros, e mais violentos, anos da Intifada. Os palestinos consideram o muro de separação e a colonização israelense os fatores responsáveis por esta tendência. A “barreira de segurança”, segundo os palestinos, apresentada por Israel como um “cerco antiterrorista”, asfixia a Cisjordânia ao passar por pelo menos 8% do território, e a separa de Jerusalém Oriental, anexada em 1967.
Já a Faixa de Gaza é constantemente afetada pela violência e submetida a um bloqueio israelense desde que o Hamas chegou ao poder, em junho de 2007. Estima-se que a região tenha cerca de 2.000 cristãos. “Os problemas econômicos são os piores”, afirma Marie Jahchan, diretora do clube ortodoxo de Beit Jala. “As pessoas já não podem trabalhar em Israel, que recorre agora à mão de obra estrangeira”, disse. “Estamos em uma grande prisão”, queixa-se.
Mas há algo além disso. “Os cristãos se sentem excluídos, já que certos muçulmanos consideram que eles participaram pouco da Intifada”, afirma Marie Jahchan. Mas “Israel não distinguiu isso quando nos bombardeou”, considera. O êxodo não afeta apenas os cristãos, e sim toda a classe média palestina, urbana e educada, afirma Bernard Sabella. Mas os cristãos estão pouco representados nessa camada social e também têm uma velha tradição de emigração.
Mas para Feriel Majluf, apenas a paz pode deter este êxodo. “Com os acordos de Oslo de 1994, muitos voltaram”, lembra. Desde a segunda Intifada “tornaram a sair, e outros os seguiram.”