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O ensaio geral correu mal

Até ao dia do início dos Jogos da CPLP os dirigentes desportivos envolvidos na organização do torneio asseguraram aos moçambicanos que tudo estaria pronto para que estes Jogos corressem às mil maravilhas, afinal andamos a ensaiar a táctica para a organização dos Jogos Africanos de 2011. Porém, enquanto o nosso Presidente da República falava na abertura dos Jogos em alegria, festa, beleza e criatividade, a pista de atletismo do parque dos Continuadores continuava à espera da prometida reabilitação.

E, no oitavo dia, quando começou a disputa das provas de atletismo, ainda a pista estava a ser arranjada, e, como se isso não bastasse, até o photofinish, que serve para fazer uma foto da linha da meta quando os atletas a cruzam e dissipar quaisquer dúvidas sobre o vencedor, não estava montado sendo que as primeiras provas do atletismo foram certificadas a olhómetro.

Se o alojamento não foi um problema, afinal acomodar os pouco mais de 600 atletas em Maputo não é difícil, já transportar esses atletas pelo cada vez mais caótico tráfego da cidade das acácias revelou-se um problema, com situações em que os jogos começaram atrasados porque os atletas não estavam presentes.

Os mais atentos certamente que se recordam de que a final de futebol dos Jogos organizados pelo Brasil em 2008 foi jogada no majestoso e mítico estádio de Maracanã, o melhor do Brasil e um dos melhores do Mundo. A organização brasileira terá pensado, na altura, que dessa forma os jovens jogadores não só se sentiriam privilegiados como iriam nas suas carreiras profissionais futuras querer voltar a jogar em palcos tão grandiosos.

O torneio de futebol à moçambicana foi jogado no estádio 1º de Maio e a final no decrépito e antigo campo do Maxaquene. O que terá passado pela cabeça dos dirigentes moçambicanos que fizeram estas escolhas? Se é verdade que não há maneira de o estádio nacional estar pronto pelo menos a final poderia ter tido lugar no estádio da Machava. Talvez por isso os brasileiros nem se dignaram a trazer a sua equipa de futebol.

O empenho que não se vislumbrou por parte dos organizadores dos Jogos reflectiu-se também nas bancadas vazias que receberam as jovens promessas do desporto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e nem mesmo os pára-quedistas e o fogo-de-artifício do encerramento foram suficientes para atrair o público de Maputo.

No teatro, o chamado ensaio geral é bom que esteja ao nível da estreia para que nesta tudo corra bem. Neste caso, esperemos bem que a estreia, leia-se Jogos Africanos 2011, não esteja ao nível do ensaio geral que estes Jogos da CPLP constituíram. Seria muito mau sinal.

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