Nos dias que correm apenas o mais acéfalo dos acéfalos pode ter dúvidas de que o país prossegue, em lume brando, a sua hedionda, macabra e vergonhosa campanha de combate à população idosa do país.
Aliás, por este andar de carruagem não é necessário mais do que um par de neurónios para compreender que, além de os moçambicanos serem reduzidos a simples bestas de carga, o Governo – assim com os mais activos – está-se marimbando para um pouco mais de 267.750 idosos beneficiários do subsídio social básico pago pelo Instituto Nacional de Acção Social.
Enquanto se fala de confiança no futuro e no mítico combate à pobreza absoluta, aquela camada da população não usufrui da pensão a que tem direito, desde Novembro de 2011, alegadamente por falta de dinheiro. O valor mensal devido aos pensionistas varia entre 130 e 380 meticais, uma quantia, diga-se, irrisória.
Esta situação de atraso no pagamento das pensões deveria corar de vergonha os governantes para os quais nunca falta dinheiro para o combustível das suas viaturas compradas, por sinal, com o sacrifício do povo, e não só.
Também deveria envergonhar todos os moçambicanos que se limitam a aplaudir este Governo, sempre na expectativa de milagres que nunca acontecerão e se auto flagelam na esperança de que os seus políticos finalmente tenham compaixão deles. Mas em vão o fazem porque, os interesses empresariais, pessoais e partidários aparecem antes dos interesses da nação e do povo.
Há sensivelmente três meses os idosos estão privados dos 26 pães a que têm direito, enquanto milhões de meticais são gastos para satisfazer os caprichos dos que se consideram DONOS DO PAÍS.
Reunidos todas as terças-feiras, de persianas fechadas, fingem estar a discutir o bem-estar da nação e do povo, quando, na verdade desfrutam do conforto da cadeira, da sala climatizada e outras mordomias sumptuosas pagas com o dinheiro do erário público.
E ainda por cima aproveitam para dormir e sonhar com o ordenado no fim do mês, ao invés de se levantarem e irem ver a desgrenhada miséria em que se encontram milhares de idosos.
O Governo de turno habituou-se a ver Moçambique através de binóculos, a partir da janela dos seus apartamentos, escritórios e, mais tarde, fazem relatórios estúpidos, escondendo a realidade obscena – fabricada por eles mesmos e mais tarde vendida no exterior – em que vivem mulheres e homens da terceira idade, que conhecem o duro combate de que e? feita a vida, essas mesmas mulheres e esses mesmos homens que hoje aguardam por uma ninharia.
É mesmo necessário sacrificar o idoso para que o governo deste país possa manter os seus bons ordenados! As boas pensões vitalícias! As belas ajudas de custo, com casas e telefone incluído! Os bons e belos carros de luxo! Isto tudo com o dinheiro de todos nós e, sobretudo, com o daqueles que nos criaram com amor e carinho para hoje nos virarmos contra eles!
Aceitamos que sejam sempre os mesmos a roubar, mas não tirem dos nossos avôs. Tirem de nós, os mais novos que um dia vos dedicaremos a mesma terapia…