Durante a inauguração das novas instalações do Ministério da Economia e Finanças o Presidente da República fez duras críticas ao Instituto Nacional de Estatística (INE), “não é possível haver estatísticas da sede do Ministério e estatísticas do Instituto Nacional diferentes”. Embora não tenha aludido aos dados do censo da Província de Gaza que mostraram a fraude eleitoral que está a ser preparada desde o recenseamento, Filipe Nyusi avisou “hão-de ser tirados como capim comprido, que está a crescer sozinho”. O presidente do INE assim como quadros da instituição “gazetaram” ao evento onde todas as instituições tuteladas da Economia e Finanças estiveram representadas.
Nyusi que conseguiu superar-se nos seus já habituais atrasos, a inauguração estava agendada para as 9 horas mas o Chefe de Estado só chegou ao local que dista poucos quilómetros da sua residência e local de trabalho cerca das 10h30, após visitar os edifícios de 19 andar, com cinco caves, e que representam mais 4,7 biliões de Meticais em dívida pública, começou por fazer uma chamada como se fosse um professor primário. Após os responsáveis de várias instituições tuteladas, de nível central e provincial, levantarem-se e terem-se apresentado Nyusi asseverou “não vi onze, não falta alguma coisa? Estatística não é vosso, não faz parte dos onze? Não vi, quem é de Estatística? Quem é de Estatística?”.
“O presidente Rosário Fernandes ligou-me de manhã a pedir dispensa para o Consultivo, o Coordenador, mas aqui não tenho informação”, tentou justificar o ministro Adriano Maleine, visivelmente embaraçado.
O Presidente retorquiu “está bom” e iniciou o seu discurso enaltecendo o trabalho do Ministério que apesar da falta de ajuda dos Parceiros de Cooperação garantiu o funcionamento do país desde 2016, sem no entanto mencionar que o Pelouro está no epicentro da dívidas ilegais que precipitaram Moçambique para a crise económica e financeira. O antigo titular é arguido, a ex-vice deveria ser arguida e o actual ministro é acusado nos Estados Unidos da América de ser parte da conspiração.
Após a retórica, e falando de improviso, Nyusi apelou a “maior coordenação entre os sectores tutelados pela Economia e Finanças. Não está muito bem o ambiente de coordenação, há muita gente que pensa que é autónoma, não. Muitos sectores estão em cima do Ministério de Economia e Finanças por uma questão estratégica, para gerir, para acompanhar, porque vocês estão debaixo do suor do povo, do património neste caso”.
“Vocês tem que ter uma coordenação inter e intra sectorial dentro de vocês próprios, em cada sector, mas também entre sectores. Quando há desfasamento significa que é uma orquestra mal tocada, são muitas pessoas a tocar mas quando toca cada pessoa tudo soa bem e não cria ruído nós quando escutamos. Agora orquestras mal tocadas não podem acontecer aqui, não podem existir instituições que não trabalham em equipe, dentro da própria instituição não há equipe, ou então não há harmonização”, disse o Chefe de Estado.
“Não provoquem problemas, coordenem antes, vejam antes, monitorizem os números”
Sem se referir ao recenseamento eleitoral que inscreveu mais de 300 mil eleitores do que aqueles o INE afirmou perentoriamente existirem na Província de Gaza, o Presidente da República que também é candidato do partido Frelimo e está em campanha eleitoral declarou: “Não é possível haver estatísticas da sede do Ministério e estatísticas do Instituto Nacional diferentes, não é possível, significa que não há trabalho. E nós nem queremos estrelas aqui, nós queremos o Ministério estrela, não queremos sectores estrelas individualmente, queremos um Ministério que é estrela, estrela maior é o povo então para isso é preciso a orquestra jogar. Falem antes de nos dizer aquilo que é, não é cada um dizer o que quer, o que pensa, e dizer que sabe mais, não há quem sabe mais, quem sabe mais é o dono que é o patrão que é o povo”.
“Quando não há coordenação vão baralhar o trabalho e depois nós ficamos sem saber afinal qual é a função de cada um, é de resolver problemas ou de provocar problemas. Não provoquem problemas, coordenem antes, vejam antes, monitorizem os números. O vosso ministro antes de tomar alguma decisão até partilha, estou a pensar fazer assim Presidente o que acha? O vosso Banco Central para poder tomar decisões vem, estamos a pensar a inflação, não há nenhum problema, é uma unidade que facilita o trabalho e é assim que temos de trabalhar nós todos”, exemplificou Nyusi.
“Capim que cresce mais sozinho é fácil o dono quando chega esse tira com mão”
Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique ou presidente do partido Frelimo, avisou: “Por que se você quer ser estrela não há-de ser uma estrela só, o meu pai dizia uma coisa, que lhe tenha o Deus lá, de que numa machamba o capim que cresce mais sozinho é fácil o dono quando chega esse tira com mão, agora aqueles que estão juntos não consegue tirar tudo porque não viu, hão-de ser tirados como capim comprido, que está a crescer sozinho. Se todo o capim está no mesmo nível, sozinho você cresceu como? E nós queremos crescer juntos, é isso que ajuda a instituição, e uma instituição como as Finanças não é brincadeira, pode desestabilizar o país quando não está junta a instituição”.
“Nós não podemos estar aqui a tentar contrariar, depois torna-se ridículo, as populações lá sabem bem as coisas que são. Quando diz que Monapo tem hospital, você não pode dizer que Monapo não tem hospital porque o povo está a ver que tem hospital lá, não sei está a falar o quê. Quando diz que Mapai vai ter agora um banco, sim sabem que vai ter banco, você é que não chegou até lá, então não pode tentar fazer um esforço para contraria aquilo que a natureza ou o tempo está a dizer, o problema é ser um risco de descredibilizar-se depois o trabalho seu não tem valor nenhum, vai ficar estrela, há-de sempre haver alguém que vai dizer que aquele é boa pessoa, aquele era inteligente, mas você é estrela que não ilumina ninguém. Quero o Ministério de Economia e Finanças estrela”, concluiu Nyusi.
O Instituto Nacional de Estatística, corroborando as constatações das Organizações da Sociedade Civil que observaram o Recenseamento Eleitoral, tornou público ter informado ao Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e à Comissão Nacional de Eleições (CNE), em tempo oportuno, que a população em idade eleitoral na Província de Gaza não podia ser superior a 836.581 cidadãos, menos 329.430 pessoas do que os 1.166.011 recenseados no Círculo Eleitoral onde o partido Frelimo obtém “vitórias retumbantes”.