Mães, crianças e recentes casos de pacientes infectados com o vírus HIV estão a receber melhores serviços mas este progresso tem um custo, diz um novo relatório que receia uma futura escassez de tratamento para o HIV na África do Sul.
No dia 23 de Fevereiro, a companhia dos Sistemas de Saúde (HST) publicou a sua última versão do seu relatório anual Barómetro do Sector da Saúde e Revisão da Saúde na África do Sul.
Embora vá já no seu sexto ano de publicação, o Barómetro deste ano é o primeiro a incluir dados sobre testes em crianças recém-nascidas, filhos e mães seropositivas e mostra que os testes cobrem agora cerca de metade destas crianças, com até seis semanas de idade, um importante passo para garantir o seu acesso ao tratamento contra o HIV, recomendado para todas as crianças com menos de um ano de idade, segundo as directivas nacionais.
Em 2009, apenas cerca de um quarto das crianças eram testadas usando a Reacção em Cadeia da Polimerase (PCR) – que confirma se a criança foi expostas ao vírus são ou não seropositivas.
O relatório também diz que quase todas as mulheres grávidas agora são testadas para o HIV, o que ajudou a baixar a transmissão do vírus da mãe para o filho para menos de 4 por cento no país.
O mais recente Barómetro é também o primeiro a incluir dados sobre a tuberculose (TB) entre os novos casos de pacientes seropositivos. Em 2008, apenas cerca de um terço de novos casos eram testados para a TB; em 2011 cerca de 70 por cento foram testados.
Pessoas seropositivas têm TB latente e são 30 vezes mais propensas a desenvolver a doença do que outras seronegativas.
Aliás, a TB continua a ser a principal causa de morte na África do Sul e entre pessoas seropositivas em todo o mundo.
Escassez de fundos
A HST também lançou a Revisão de Saúde na África do Sul, um estudo independente do sector de saúde pública financiada pelo governo da África do Sul.
Enquanto nota que a despesa com programas de HIV/SIDA aumentou substancialmente desde 2007, também projecta que o país vai necessitar de mais 5,3 biliões de dólares por ano para garantir a sua resposta ao HIV/SIDA, principalmente para o tratamento.
A revisão nota que somente este ano o governo vai despender cerca de 3,1 milhões de dólares com o HIV/SIDA; menos do que um quarto deste montante vem de doadores tais como o Fundo Global de Luta contra a SIDA, TB e Malária ou o Plano de Emergência para o Alívio à SIDA, do Presidente dos Estados Unidos (PEPFAR).
O governo da África do Sul já disponibiliza cerca de 80 por cento dos seus custos do tratamento a nível interno e os autores da revisão antevêem que o tratamento vai ser o principal motor dos crescentes custos da resposta do país ao HIV/SIDA.
Em finais de 2009, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reviu as suas directrizes para o tratamento do HIV e recomendou que pessoas seropositivas iniciem o tratamento quando os níveis de CD4 – uma medida da força do sistema imunológico – for inferior a 350.
Desde então, a África do Sul tem entrado em linha gradualmente, primeiro estendendo tratamento ainda cedo aos grupos de risco, tais como mulheres grávidas e pacientes com TB em 2010 e, finalmente a todos os pacientes em 2011.
Até Março de 2011, cerca de 1,5 milhões de pessoas beneficiavam-se de tratamento anti-retroviral na África do Sul. A Revisão espera que este número atinja os três milhões até 2015.