Dezenas de milhares de civis estão a fugir dos novos confrontos armados no Mali, disse a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira, poucos dias depois de a França começar a bombardear posições de rebeldes islâmicos no norte do país africano. “Estimadas 30 mil pessoas podem ter sido deslocadas como resultado direto do confronto no centro e norte do Mali”, disse o porta-voz da ONU Eduardo del Buey a jornalistas.
“Teme-se que o número de pessoas afetadas possa ser mais alto, já que houve relatos de que alguns grupos islâmicos impediram as pessoas de se deslocarem para o sul”, acrescentou.
Del Buey afirmou que o Ministério do Interior da vizinha Mauritânia confirmou que milhares de refugiados estão a caminho da fronteira, mas que não há um número significativo de malianos chegando a Burkina Faso e Níger.
“Desde março de 2012, cerca de 230 mil pessoas foram deslocadas pelos conflitos e a insegurança no Mali”, disse ele. O norte do Mali caiu sob controle islâmico depois de um golpe militar em março de 2012, desencadeado por uma ofensiva de rebeldes tuaregues que tomou conta do norte do país e o dividiu em dois.
A França, que nos últimos dias mobilizou milhares de soldados em Bamako, a capital do Mali, voltou a realizar nesta segunda-feira bombardeios aéreos em uma vasta área desértica dominada desde o ano passado por uma aliança islâmica que inclui a “filial” local da Al Qaeda e os grupos militantes autóctones Mujwa e Ansar Dine.
A França convocou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para tratar da crise no Mali nesta segunda-feira. Del Buey disse que o diretor de assuntos políticos da entidade, Jeffrey Feltman, falaria às 18h ao Conselho sobre a situação na nação africana.
Na sexta-feira, a França informou que sua intervenção militar, iniciada a pedido do governo local, vai durar enquanto for necessário para dispersar os rebeldes islâmicos. Paris também pediu pressa aos países africanos na mobilização de uma força regional de apoio ao Exército maliano, conforme prevê a resolução 2.085 do Conselho.
A força africana, chamada Afisma, deve ter 3.300 soldados de países da África Ocidental, com apoio logístico, financeiro e de inteligência de países ocidentais. O plano original, no entanto, era de que essa força só estivesse instalada em setembro para dar tempo aos preparativos. “A resolução 2.085 foi atropelada pelos fatos no fim de semana, conforme vocês viram”, disse Del Buey, acrescentando que “a resolução se mantém”.