Pelo 2º dia consecutivo um novo foco da covid-19 surgiu em Moçambique, desta vez na Província de Gaza para onde viajou um dos moçambicanos repatriados da África do Sul num autocarro com outros passageiros, todos desconhecendo o seu estado serológico. As autoridades de Saúde revelaram ainda que os quatro novos doentes na Cidade da Beira foram diagnosticados nos centros de Saúde da Munhava e da Ponta Gêa e um dos menores está no Distrito do Dondo.
O Instituto Nacional de Saúde testou entre segunda (11) e terça-feira (12) mais 192 casos suspeitos de covid-19, 23 provenientes da Província de Cabo Delgado, os últimos trabalhadores da Total nos acampamentos em Afungi (todos com resultados negativos), duas amostras da Província de Gaza, 119 da Província de Maputo, na sua maioria os moçambicanos repatriados da República da África do Sul, e ainda 48 amostras da Cidade de Maputo.
A Directora Nacional de Saúde Pública anunciou que um dos testes teve resultado positivo, “trata-se de um indivíduo de nacionalidade moçambicana, do sexo masculino, de 26 anos de idade. O mesmo faz parte de um grupo de moçambicanos repatriados da República da Africa do Sul e a sua amostra foi colhida no Centro Transitório de Manguaza, no Distrito da Moamba, na Província de Maputo”.
De acordo com a Dra. Rosa Marlene o 104º infectado pelo novo coronavírus em Moçambique “não apresenta sintomatologia e, por isso, encontra-se em isolamento domiciliar. Neste momento decorre o processo de mapeamento dos contactos deste caso”.
Questionado pelo @Verdade o Director Nacional para a Área de Inquérito e Monitoria de Saúde revelou que embora o teste ao 104º tenha sido realizado na Província de Maputo o indivíduo viajou num autocarro para a Província de Gaza. “Sim foi facto que este indivíduo recebeu o resultado já estando na Província de Gaza, entretanto todo o itinerário e percurso é conhecido e garante que as duas autoridades de Saúde locais, Gaza e Província de Maputo, estejam em interacção para garantir que não há uma transmissão neste processo de envio dos compatriotas para outros destinos”.
Recordando que o pessoal da Saúde que se deslocou ao Centro Transitório de Manguaza levou testes para um determinado número de indivíduos mas foi confrontado com repatriados em número maior o Dr. Sérgio Chicumbe explicou que “houve uma segregação epidemiológica mas também levando em conta factores de logística, foram priorizadas pessoas que tinham que ir para outras províncias. Entretanto o processamento das amostras leva até 48 horas e essas pessoas, com apoio das outras instituições envolvidas na gestão da migração de calamidades, são transportadas e localizadas nas outras províncias em condições definidas pelas autoridades de saúde”.
Novas cadeias de transmissão revelam que o vírus alastrou-se para cidadãos de classes sociais menos abastadas
A autoridade de Saúde clarificou que o cidadão infectado, ainda sem saber do resultado, viajou para a Província de Gaza “em transporte organizados de forma multissectorial, não é uma ambulância mas é um carro organizado pelo Estado moçambicano e com participação da autoridade local de Saúde”.
O Dr. Chicumbe acrescentou que nesta terça-feira (12) a colecta de amostras dos regressados da África do Sul ficou concluída, “neste momento em que estamos aqui há painéis de testagem que estão a correr no Instituto Nacional de Saúde e nós só trazemos as testagens concluídas, amanhã traremos a informação conclusiva”.
Entretanto as autoridades de Saúde revelaram que os quatro doentes diagnosticados na Cidade da Beira, na segunda-feira (11), foram identificados na “vigilância activa foi feita no Centro de Saúde da Munhava e no Centro de Saúde da Ponta Gêa”. Todavia o menor de 10 anos de idade é residente no Município do Dondo.
As novas cadeias de transmissão dos últimos 2 dias revelam que o vírus anteriormente diagnosticados em cidadãos de classe média e alta alastrou-se para cidadãos de classes sociais menos abastadas e com maiores dificuldades de isolamento domiciliário, tornando fundamental o cumprimento do distanciamento social assim como as restantes medidas impostas pelo Governo no âmbito do Estado de Emergência para minimizar a propagação do novo coronavírus em Moçambique.