A nova Presidência tripartidária da Bósnia tomou posse, esta segunda-feira (170, num primeiro passo para a formação de um governo que o Ocidente espera que pressione por reformas econÓmicas para ajudar o país a destravar os esforços para aderir à União Europeia.
A Presidência do país é compartilhada entre um sérvio, um croata e um bósnio, como parte de um sistema de partilha de poder étnico previsto num acordo de paz mediado pelos Estados Unidos que terminou com a guerra de 1992-1995.
A Presidência é em grande parte cerimonial, mas propõe um primeiro-ministro para liderar o governo central que abrange duas regiões autônomas do país: a Federação, principalmente de croatas católicos e bósnios muçulmanos, e a República Sérvia, de população ortodoxa.
Os nacionalistas em todos os três lados – profundamente divididos sobre o futuro do seu Estado comum – ganharam a maioria dos votos numas eleições gerais a 12 de Outubro, mas precisam de negociar com os partidos mais moderados para formar governos estáveis nos níveis nacional e regional.
Depois das eleições gerais anteriores, em 2010, esse processo levou 16 meses. Grã-Bretanha e Alemanha esperam envolver o próximo governo central numa nova iniciativa diplomática para desbloquear a candidatura paralisada da Bósnia para aderir à União Europeia, através do descongelamento de fundos em troca de um compromisso de amplas reformas.
O sistema bósnio de partilha de poder, e o seu alto grau de descentralização, deixa o país refém de disputas étnicas, bloqueando as reformas política e ecónomica.
Londres e Berlim esperam ganhar o apoio dos 28 países da UE para o plano. “Espero que a Presidência nos próximos quatro anos seja um forte motor que empurre o país para frente, no seu caminho de reformas para o nosso objectivo mais importante”, disse o representante bósnio reeleito na Presidência, Bakir Izetbegovic, em referência à adesão à UE.
Seu colega croata, Dragan Covic, disse: “Não importa quão diferentes sejam os nossos pontos de vista da Bósnia e do seu futuro, podemos chegar a soluções conjuntas em política externa e interna só por meio da confiança mútua.”
O partido de Izetbegovic, o SDA, maior da Bósnia, e o HDZ, de Covic, maior partido entre os croatas, fecharam uma coligação do governo na Federação, mas estão em desacordo sobre o partido sérvio que deverá compartilhar o poder no nível nacional. Enquanto os bósnios querem uma Bósnia mais forte e centralizada, o HDZ defende a criação de uma terceira e separada entidade autónoma croata.