Um cientista dos EUA e dois do Japão receberam esta quarta-feira o Prêmio Nobel de Química por terem inventado novas formas de ligar átomos de carbono, o que tem aplicações que variam do combate ao cancro ao desenvolvimento de monitores de computador mais finos. Richard Heck, Ei-ichi Negishi e Akira Suzuki dividirão o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (1,5 milhão de dólares) por terem desenvolvido o “acoplamento cruzado do paládio catalisado”, “usado mundialmente em pesquisas e também na produção comercial, por exemplo, de produtos farmacêuticos e moléculas usadas na indústria eletrônica”, segundo nota do Comitê do Nobel de Química, ligado à Real Academia Sueca de Ciências.
Graças à técnica premiada, os cientistas podem agora produzir artificialmente uma substância chamada discodermolídeo, encontrada em pequenas quantidades numa determinada esponja marinha, e que poderá ser usada no combate ao câncer. Heck, hoje na Universidade de Delaware (EUA), começou a usar o paládio como catalisador no final da década de 1960. Os dois japoneses chegaram ao mesmo processo, por meio de variações, no final dos anos 70.
Negishi, que trabalha na Universidade Purdue, nos EUA, disse que estava dormindo profundamente quando foi avisado por telefone do prêmio, às 5h (hora local), mas que não se incomodou em ser acordado. “Isso significa muita coisa. Eu estaria mentindo se dissesse que não estava pensando nisso. Eu disse a alguém que comecei a pensar – sonhar – com o prêmio há meio século.”
Suzuki, da Universidade de Hokkaido, no norte do Japão, destacou a importância do Nobel para a ciência do seu país. “Não sei quanto tempo ainda vou viver, mas quero continuar trabalhando para ajudar os jovens”, afirmou ele em entrevista coletiva. O primeiro-ministro Naoto Kan também celebrou a conquista. “Espero que isso encoraje mais jovens e crianças a dizerem: ‘Vou me empenhar para ganhar um Nobel'”, declarou o premiê a jornalistas.
Joseph Francisco, presidente da Sociedade Americana de Química e também professor de Purdue, disse que os três cientistas trabalharam paralelamente durante anos e “desenvolveram novos catalisadores para fazer tipos específicos de reações que conectam novos átomos e conectam novos grupos funcionais, de modo a permitir a produção de uma gama mais ampla de compostos”. “Isso revoluciona as técnicas que os químicos têm à disposição para fazer novos remédios, novos plásticos e novos materiais”, afirmou ele, acrescentando que o prêmio não é uma surpresa, por se tratar de um trabalho tão fundamental e significativo.
O Comitê do Nobel já escolheu os premiados deste ano nos campos da Medicina ou Fisiologia, Física e Química. Faltam ser anunciados os prêmios de Literatura e Paz, além do Nobel de Economia, que é concedido pelo Banco Central sueco.