Os militares da Nigéria sabem onde estão as mais de 200 meninas sequestradas pelo grupo Boko Haram, mas descartaram o uso da força para resgatá-las, disse o chefe da Defesa, o marechal da Força Aérea Alex Badeh, esta segunda-feira (26), segundo a agência de notícias estatal.
Sete semanas depois de os militantes do Boko Haram raptarem as alunas que faziam provas numa escola do segundo grau no vilarejo de Chibok, no nordeste nigeriano, pouco se sabe sobre o seu paradeiro ou o que os militares estão fazendo para recuperá-las.
“A boa notícia para os pais das meninas é que sabemos onde elas estão, mas não podemos dizer-vos”, disse Badeh, de acordo com a agência estatal de notícias. “Mas onde elas estão, podemos chegar lá com força? Não podemos matar as nossas meninas em nome do esforço para salvá-las”.
A maioria das autoridades acha que qualquer operação de resgate seria muito perigosa e provavelmente não valeria o risco de as alunas serem mortas por seus sequestradores – um grupo islâmico que mostrou um alto grau de inclemência na matança de civis.
Desde o sequestro das meninas, de acordo com uma conta da Reuters, pelo menos 470 civis morreram de forma violenta em várias localidades pelas mãos do Boko Haram, que diz lutar para estabelecer um Estado islâmico na religiosamente mesclada Nigéria.
O presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, classificou o grupo como “a Al Qaeda do oeste da África”. A rede britânica BBC relatou, esta segunda-feira, que um acordo estava próximo para resgatar as garotas em troca de prisioneiros do Boko Haram – exigência pública do grupo – mas que este esforço foi cancelado no último minuto.
Durante o fim de semana, o presidente do Senado e a terceira autoridade mais importante do país, David Mark, descartou um acordo com o Boko Haram, cujo nome significa “a educação ocidental é um pecado” na língua Hausa, do norte do país.
“Este governo não pode negociar com criminosos e… não irá trocar pessoas por criminosos. Criminosos serão tratados como tal”, teria dito ele, segundo a mídia local. A Nigéria aceitou a ajuda de Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e China na semana passada, e cerca de 80 soldados norte-americanos começaram a chegar ao vizinho Chade para iniciar uma missão de resgate.
Aviões não-tripulados de vigilância, os chamados drones, estão a vasculhar a floresta de Sambisa, onde os pais dizem que as meninas foram vistas pela última vez. Mas a floresta tem uma área de 60 mil quilómetros quadrados, mais que duas vezes o tamanho de Ruanda, e os rebeldes conhecem o terreno profundamente.
A Nigéria e os seus vizinhos dizem que o Boko Haram, que matou milhares de pessoas durante os cinco anos da sua insurgência no país, agora ameaça a segurança de toda a região.