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Neto mata avó à paulada por alegada feitiçaria na Beira

Um jovem de 27 anos de idade está a contas com as autoridades policiais de Sofala, no centro de Moçambique, acusado de atirar a vida à própria avó, com recurso a um pau de pilar, supostamente porque o enfeitiçava e era responsável pelo seu insucesso na vida.

A vítima, de 81 anos de idade, residia algures na cidade da Beira e encontrou a morte nas mãos do neto, por volta das 05h00 de terça-feira (14).

O jovem, que vivia com a malograda desde criança, disse ter tomado conhecimento de que a sua vida não corria a contento através de um curandeiro. Este apontou a finada como responsável por tal infortúnio e recorria à superstição. Diante de tal situação e sem alguma introspecção, o presumível homicida não poupou esforços em descarregar a sua fúria na pessoa que lhe trouxe a mãe ao mundo e que mal podia se defender.

Fonte da Polícia da República de Moçambique (PRM), na Beira, disse ao @Verdade que iniciado desferiu três golpes contra a malograda. E já nas mãos das autoridades, “ele [o suspeito] confessou o crime e disse que matou a avó porque era feiticeira. A vítima, segundo o jovem, fazia magia negra para ele não progredir na vida e nunca ter uma boa relação amorosa com qualquer mulher”, disse o nosso interlocutor.

Por sua vez, Sididi Paulo, porta-voz do Comando Provincial da PRM em Sofala, deplorou, em declarações a jornalistas, a justiça pelas próprias mãos e apelou à população para que em caso de conflitos contactem as estruturas locais para dirimi-los.

Refira-se que o sociólogo moçambicano e Professor Catedrático, Carlos Serra, defende que “as crianças não nascem a acusar pessoas”, de feiticeiras ou ladrões, elas aprendem dos adultos a fazê-lo e no futuro cometem estes e “outros crimes que conhecemos”.

Em 2015, ele disse, numa Conferência Nacional sobre a Provisão do Acesso à Justiça e ao Direito”, realizado pelo Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, através do IPAJ, sobre “Violência Contra os Idosos”, que os miúdos entendem, erradamente, que as bruxas deviam ser queimados vivas.

Eles, pese embora estejam na escola, mentalizam uma forma errada de lidar com os anciãos julgam que a bruxaria é praticada apenas por mulheres.

Esta percepção errónea sobre os idosos é, segundo Carlos Serra, reflexo da educação, diga-se errada, que os pais e encarregados de educação transmitem às crianças. Elas “não nascem a acusar pessoas”, de prática de feitiçaria, mas sim, aprendem a fazê-lo, o que significa que no processo cultural de aprendizagem e de socialização elas aprendem a dividir os seres humanos “entre feiticeiros e não feiticeiros, especialmente as mulheres”.

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