O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comprometeu-se esta quarta-feira a continuar construindo em Jerusalém, por ocasião do 43º aniversário da anexação da parte oriental da cidade por Israel. “Não se pode prosperar em uma cidade dividida e uma próspera cidade não pode estar dividida ou congelada” e, por isso, “vamos seguir construindo e desenvolvendo Jerusalém”, declarou Netanyahu.
O discurso foi pronunciado na Colina da Munição, um dos locais mais significativos da guerra dos Seis dias de junho de 1967. Durante o conflito, o setor oriental de maioria árabe de Jerusalém foi conquistado pelo estado hebreu. A colonização na Cisjordânia ocupada, inclusive em Jerusalém Oriental, é um dos principais temas de discórdia entre palestinos e israelenses, que se comprometeram no domingo a levar a cabo negociações indiretas, chamadas de “aproximação”, com o apoio dos Estados Unidos.
Importantes forças de segurança foram mobilizadas nesta quarta-feira em Jerusalém para prevenir incidentes por ocasião desse aniversário. “Vários policiais e guardas fronteiriços foram mobilizados para o dia, e nosso contingente foi particularmente reforçado na Cidade Velha de Jerusalém”, disse à AFP o porta-voz da polícia, Micky Rosenfeld. “Tomamos essas medidas principalmente para evitar excessos durante uma manifestação prevista pelos Fiéis do Monte do Templo (um grupo judeu extremista)” mais abaixo da Esplanada das Mesquitas” de Jerusalém, o terceiro lugar santo do Islã, informou o porta-voz.
Durante a tarde desta quarta-feira, milhares de pessoas, em maioria judeus religiosos nacionalistas, sairam às ruas com bandeiras israelenses no centro de Jerusalém com destino ao Muro das Lamentações, na Cidade Velha, um dos locais sagrados do judaísmo. Em virtude de uma “lei fundamental” da Knesset (Parlamento unicameral) aprovada em 30 de julho de 1980, Israel considera que toda Jerusalém é sua “capital indivisível e eterna”, incluindo a zona leste, de maioria árabe, conquistada durante a guerra árabe-israelense de junho de 1967.
A anexação de Jerusalém Oriental, seguida por construções de vários bairros de colonização, jamais foi reconhecida pela comunidade internacional. As cerimônias oficiais e as festividades começaram deste terça-feira à noite na Cidade Santa. Centenas de jovens se reuniram para cantar e orar na Yechivat Mercaz Harav, instituto talmúdico de Jerusalém, ponto de encontro do movimento religioso nacionalista. Netanyahu recordou durante a manifestação o “laço histórico” entre o povo judeu e Jerusalém.
Entretanto, os palestinos querem instalar em Jerusalém Oriental a capital de seu Estado, e pedem o cessar da colonização judaica. “Não há acordo sobre o congelamento da construção na parte oriental de Jerusalém, e a vida continua normalmente como em outras cidades de Israel”, reiterou nesta quarta-feira o chefe da diplomacia, Avigdor Lieberman, em visita a Tóquio.
O prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, declarou que “os limites municipais de Jerusalém não são negociáveis, e a construção continuará em toda a cidade sob soberania israelense”. “Se não se constrói para os jovens judeus, eles saem da cidade, e se não se planeja para os árabes, constroem ilegalmente. É preciso fazer o que é justo para nós”, declarou. Jerusalém tem 774 mil habitantes, dos quais 488 mil judeus (63%), 261 mil muçulmanos (34%) e 15 mil cristãos (2%), segundo números do escritório central israelense de estatísticas.