A Organização do Tratado do Atlântico Norte suspendeu toda a cooperação prática com a Rússia, esta terça-feira (1), em protesto à anexação da Crimeia e ordenou que os seus militares planeiem medidas para reforçar as suas defesas e tranquilizar os países do Leste Europeu preocupados com a situação.
Os Ministros das Relações Exteriores da aliança liderada pelos Estados Unidos, formada por 28 nações, irão reunir-se pela primeira vez desde que a ocupação russa da Crimeia, região da Ucrânia, desencadeou a pior crise entre Ocidente e Oriente desde a Guerra Fria. Eles concordaram em “suspender toda a cooperação prática, civil e militar, entre a NATO e a Rússia”.
As autoridades da NATO disseram que a decisão pode afectar a cooperação com a Rússia no Afeganistão nas áreas como treinamento de pessoal de combate aos narcóticos, manutenção de helicópteros da Força Aérea afegã e uma rota de trânsito para fora do país devastado pela guerra. Os contactos entre a NATO e a Rússia em nível diplomático ou superior podem continuar para que se possam discutir saídas para a crise.
Classificando as acções russas na Ucrânia de inaceitáveis, o secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, disse: “Por meio de suas acções, a Rússia minou os princípios sobre os quais a nossa parceria está erguida e rompeu com os seus próprios compromissos internacionais. Então, não podemos agir como se nada tivesse acontecido”.
Os ministros ordenaram a seus militares que “desenvolvam em regime de urgência uma série de medidas adicionais para reforçar as defesas colectivas da NATO”, disse um funcionário da aliança. As medidas podem incluir o envio de soldados e equipamentos da NATO para os seus aliados no Leste Europeu, a realização de mais exercícios, acções para garantir que uma força de reacção rápida possa mobilizar-se mais rapidamente e uma revisão dos planos militares da aliança.
Os planeadores retornarão em algumas semanas com propostas detalhadas, informou o funcionário. Num encontro separado dos seus ministros das Relações Exteriores, a NATO e a Ucrânia concordaram em aumentar a cooperação e incentivar as reformas na defesa ucraniana por meio de treinamentos e outros programas.
Os aliados da NATO irão enviar mais especialistas a Kiev. A NATO declarou não haver sinal de uma retirada parcial das tropas russas da fronteira ucraniana, como Moscovo anunciou na segunda-feira. “Infelizmente, não posso confirmar que a Rússia está a retirar as suas tropas. Não é o que estamos a ver”, disse Rasmussen a repórteres.
Alerta russa
Enquanto os ministros da aliança se reuniam, a Rússia alertou a Ucrânia contra a integração com a NATO, dizendo que as tentativas anteriores de Kiev de se aproximar mais do organismo tiveram consequências desagradáveis.
O primeiro-ministro ucraniano, Arseny Yatseniuk, já disse que a nova liderança pró-Ocidente do país não busca uma inclusão na aliança ocidental. Porém, a NATO deve intensificar a cooperação com as forças armadas ucranianas treinando militares, realizando exercícios conjuntos e promovendo reformas.
Os Estados Unidos e seus aliados deixaram claro que não têm planos militares para defender a Ucrânia, mas asseguraram protecção a seus aliados do Leste Europeu que se juntaram à NATO nos últimos 15 anos, após o colapso da União Soviética.