O Conselho de Segurança da ONU ressaltou, esta quinta-feira (30), que os rebeldes M23 devem ser impedidos de reagruparem-se na República Democrática do Congo e manifestou preocupação com a ajuda que os soldados congoleses fornecem a milícias ruandesas formadas pela etnia hutu, o que provocou um confronto retórico entre representantes dos países.
O embaixador de Ruanda na ONU, Eugène Gasana, um membro temporário do Conselho de Segurança de 15 nações, acusou o Congo de “chorar como um bebé”, enquanto o seu homólogo congolês, Ignace Gata Mavita wa Lufuta, disse que o “comportamento arrogante de Ruanda deve parar”.
Ruanda tem repetidamente intervido no Congo, dizendo que o país tinha que perseguir a milícia hutu, as Forças Democráticas pela Libertação de Ruanda (FDLR), que fugiram depois do genocídio de Ruanda em 1994.
Congo e Ruanda lutaram duas guerras em duas décadas no leste congolês. O Conselho de Segurança da ONU manifestou preocupação com a violência no leste congolês numa resolução adoptada por unanimidade que renovou um embargo de armas e sanções específicas, incluindo a proibição de viagens e o congelamento de bens, contra a República Democrática do Congo.
O alto funcionário da ONU no Congo, Martin Kobler, disse que houve relatos credíveis de que os rebeldes M23 pareciam estar a reagrupar-se apenas dois meses depois de as tropas congolesas e as forças de paz da ONU terem derrotado a insurgência liderada pelos tutsi.
Especialistas da ONU, que monitoram as violações de sanções da ONU, e a República Democrática do Congo há muito acusam ??Ruanda de apoiar o M23, que declarou o fim de sua rebelião de 20 meses em Novembro, uma reivindicação que Kigali tem ferozmente rejeitado.
Ruanda e especialistas da ONU acusaram as tropas congolesas de colaborarem com a FDLR, que inclui os hutus que fugiram de Ruanda depois do genocídio de 800 mil tutsis e hutus moderados. Kinshasa nega a alegação. “Esses caras (Congo), como todos os dias, aparecem e choram como bebés”, disse Gasana a repórteres depois da reunião do conselho.
“Ruanda é um país pequeno. O Congo é rico. O Congo tem tudo. Como é que Ruanda é sempre o bode expiatório?” Gata Mavita wa Lufuta disse ao Conselho de Segurança: “Nós somos um país soberano e devemos ser respeitados como tal e este comportamento arrogante (de Ruanda) deve acabar.”