O presidente moçambicano, participa no Domingo próximo na 2/a Cimeira AfroÁrabe, um evento organizado pela Comissão da União Africana, Liga dos Estados Árabes, e a Líbia, país anfitrião, a ter lugar na cidade de Sirte. No evento, com a participação de 66 países, representados pelos respectivos Chefes de Estado e de Governo, os presidentes deverão adoptar um novo Instrumento Estratégico para incrementar a Cooperação Afro-Árabe com enfoque para quatro áreas prioritárias.
Trata – se fundamentalmente da Política, Paz e Segurança; Investimento e Promoção de Comércio; Agricultura e Segurança Alimentar e a Cooperação Cultural e Social. Durante a cimeira, que acontece 33 anos após a realização da primeira do género, na cidade do Cairo, Egipto, será igualmente aprovado um Plano de Acção, em torno das áreas específicas para a cooperação estratégica e a implementação dos quatro domínios já referidos.
A cimeira de Sirte culminará com a adopção de algumas resoluções e uma Declaração Política para o reforço da cooperação Afro-Árabe. O evento visa, por outro lado, facilitar o intercâmbio de ideias sobre as políticas e medidas necessárias para encorajar o sector privado a desempenhar plenamente o seu papel no apoio ao fluxo de investimentos e de bens entre os países africanos e árabes. Durante as reuniões preparatórias, que antecedem o evento, os participantes também vão discutir as principais causas por detrás do reduzido fluxo de investimentos entre árabes e africanos e descobrir as oportunidades de cooperação em termos de comércio e investimentos, com um potencial de consolidar o desenvolvimento económico e social em ambas as regiões.
Falando esta sexta-feira em Sirte, a margem do evento, um diplomata moçambicano disse que “esta é mais uma parceria entre África e o resto do mundo, a semelhança de outras similares tais como a realização da cooperação África com a União Europeia, China, Japão, Turquia, Índia entre outras”.
A fonte disse esperar-se que esta cimeira venha a ajudar a mobilizar recursos para o combate a pobreza, catapultar os investimentos e, eventualmente, mobilizar recursos para a superação de vários desafios que o continente enfrenta tais como o combate a pobreza e a resolução de conflitos. Contudo, a mesma fonte deplora a ineficácia da maioria destas parcerias, pelo facto de não se traduzirem naquilo que são as reais ambições e expectativas do continente africano.
“Muitas destas parcerias (entre África e outras regiões do mundo) não são visíveis. A sua visibilidade surge muitas vezes do facto de os países que fazem parte destas parcerias terem acordos de cooperação bilateral muito consistentes, cujos frutos acabam sendo atribuídas a estas parcerias’. Na ocasião, a fonte realçou a importância deste tipo de eventos, explicando que constituem momentos muito importantes porque congregam num só lugar vários países, no caso vertente que são os países árabes e africanos.
“É indiscutível a importância da presença dos países da região do Médio Oriente pela sua capacidade de gerar recursos, neste como o Kuwait, o Qatar, a Arábia Saudita, porque só esse facto nos permite dialogar com eles na perspectiva de discutir como poderão financiar e impulsionar a cooperação bilateral no futuro, bem como de alguns programas do governo e projectos de novos investimentos. Aliás, disse a fonte, muitos países árabes possuem um interesse particular em África, sobretudo no domínio da agricultura, gestão de águas, pois acreditase que o continente possui um potencial enorme para se transformar num verdadeiro celeiro mundial de alimentos.
Apesar de a agenda da Cimeira Afro Árabe ser meramente económica, é difícil senão impossível deixar de abordar questões de fórum político que, segundo a fonte, causaram quinta-feira acesos debates durante a Reunião de Oficiais de Alto Nível. “Há dossiers que são muito complicados, porque existem países que defendem posições antagónicas”, ressaltou fonte, citando como exemplo o caso do Sahara Ocidental. O problema resulta do facto de alguns países árabes terem abordado a questão dos territórios ocupados no Médio Oriente, o que levou alguns países africanos a exigir também a questão do Sahara Ocidental.
“Se formos falar de zonas de ocupação então não podemos ser selectivos”, disse a fonte, sem contudo deixar de manifestar o seu optimismo quanto a resolução de algumas divergências. Na sua deslocação a Líbia, Armando Guebuza faz-se acompanhar pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi; da Agricultura, Soares Nhaca; do Vice-Ministro das Finanças, Pedro Couto, e o director do Centro de Promoção de Investimentos, Lourenço Sambo.