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Mudemos nós para que o clima não mude

Separe-se a diplomacia da Justiça

 

O alerta está dado por especialistas na matéria: por este andar, daqui por cem anos, cidades como Lagos na Nigéria, Banjul na Gâmbia, Bissau na Guiné e Nouakchott na Mauritânia, poderão desaparecer do mapa com a subida geral do nível do mar devido ao aquecimento global. Subindo as águas, como se sabe, dois centímetros por ano, não é necessário ser-se expert na matéria para prever que o litoral africano estará totalmente alterado no final deste século. Por agora, os habitantes destas cidades ainda podem dormir descansados. Não é amanhã ainda que vão acordar debaixo de água! Mas os seus filhos já não poderão pensar o mesmo. A catástrofe irá bater-lhes à porta ainda antes do virar do século. E, neste caso, os 15 milhões de habitantes da fervilhante Lagos serão particularmente afectados, sabendo-se que a cidade só está cinco metros acima do nível do mar e que certos bairros estão mesmo abaixo da linha de água. Imagine-se a hecatombe provocada por este tsunami silencioso.

 

Mas se há coisa que nós, africanos, não somos responsáveis é pelo aquecimento global. Efectivamente, este fenómeno é o grande responsável pela redução dos glaciares do Árctico, do Antárctico, das neves nos Himalaias, no Kilimanjaro ou na Gronelândia. Este aquecimento é produzido sobretudo pela emissão de gases para a atmosfera. África, apesar de ser o continente mais ameaçado por este fenómeno, só emite 4% do total dos gases mundiais causadores do efeito de estufa. E não fora a África do Sul e a Nigéria, que à sua conta totalizam 90% das emissões africanas, estaríamos a falar de uma quantidade tão irrisória que nos desresponsabilizaria por completo. Nesta caso paga o justo pelo pecador. Somos fumadores passivos dos grandes charutos americanos, chineses, europeus, etc. E, como somos pobres e fracos, estamos muito mais vulneráveis às doenças causadas por estas alterações do clima. Como dizem os espanhóis “a perro flaco todo son pulgas” (para um cão fraco tudo são pulgas). Estima-se que no final do século, em consequência de doenças provocadas pelas alterações climáticas, poderão morrer na África subsaariana mais 182 milhões de pessoas. Não foi por acaso que numa recente conferência sobre Ambiente realizada na África do Sul o delegado da Tanzânia afirmou a plenos pulmões que “para África as alterações climáticas são mais catastróficas que o terrorismo.” Nesse encontro os governantes assistiram boquiabertos às imagens que davam conta do declínio do gelo no topo do Monte Kilimanjaro, um dos símbolos da riqueza natural do continente. E mais espantados ficaram quando especialistas presentes disseram que em 2020, ou seja, daqui a 12 anos as “neves perpetuas” poderão ser uma lembrança do passado. Disseram também que o majestoso lago Chade, outrora o maior do continente – essencial para a sobrevivência de 20 milhões de pessoas –, viu reduzido, em apenas algumas décadas, 60% do seu caudal.

 

Mas a nossa inocência em relação à emissão de CO2 não chega para nos indultar da destruição das florestas. Aqui vamos bem à frente do campeonato. Segundo a ONU, África destrói anualmente 4 milhões de hectares de floresta, o dobro da média mundial, número que dá que pensar. Aí, sim a responsabilidade é só nossa.

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