Os líderes mundiais devem enviar imediatamente equipes médicas civis e militares para combater o maior surto do Ébola do mundo na África Ocidental, disse a chefe da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras, em Nova York, esta terça-feira (2).
A resposta internacional até o momento tem se concentrado em Ministérios da Saúde sobrecarregados e organizações não-governamentais para enfrentar o surto excepcionalmente grande da doença, disse a presidente do MSF, Joanne Liu, a Estados membros da ONU em Nova York.
Liu acusou os líderes mundiais de “falhar no enfrentamento a esta ameaça transnacional”, e disse que eles “essencialmente entraram numa coligação global de inactividade”, apesar do anúncio da Organização Mundial da Saúde (OMS) a 8 de Agosto de que a epidemia representava uma “emergência internacional de saúde pública”.
A declaração dela foi feita depois de o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, ter afirmado na segunda-feira que muitas pessoas estavam a morrer sem necessidade devido à “resposta desastrosamente inadequada” à doença, e que as nações ricas deveriam compartilhar conhecimento e recursos para ajudar os países africanos.
O Ébola é um vírus hemorrágico para o qual não há vacina ou cura disponíveis. Desde o início do surto em Março, mais de 3.000 pessoas foram infectadas em Guiné Conacri, Serra Leoa, Libéria, Nigéria e Senegal. Metade dos infectados morreu.
A OMS estabeleceu um “mapa” na semana passada para combater o surto. O vírus, que espalha-se por meio do contacto directo com fluídos corporais de pessoas contaminadas, pode atingir até 20.000 pessoas e custar 490 milhões de dólares para ser controlada pelos próximos seis meses, segundo a agência.
Segundo o MSF, qualquer equipamento ou pessoal militar enviados à região atingida pelo Ébola não devem ser usados para quarentena, contenção ou medidas de controle da população, e sim para conter a disseminação do vírus, disse o MSF.
A organização disse que os hospitais de campanha com áreas de isolamento devem ser ampliados, os laboratórios móveis enviados para melhorar o diagnósticos e pontes-aéreas criadas para estabelecer a movimentação de pessoas e material para dentro e fora da África.