Morte prematura, carreira fenomenal ou mergulho total no esquecimento são alguns dos diversos destinos que os artistas que participaram em Woodstock conheceram, embora muitos deles ainda estejam tocando passados 40 anos de um mítico festival marcado pelos ideais de sua época. Quatro minutos resumem os três dias de liberdade, de música e de condenação à guerra do Vietname, e que fizeram de Woodstock tudo o que foi. Foram os quatro minutos de desconstrução do hino americano feito por Jimi Hendrix, o apogeu da carreira do guitarrista.
Depois de uma última apresentação no festival da ilha de Wight (sul da Grã-Bretanha), o artista foi encontrado morto aos 27 anos em 18 de setembro de 1970. Um mês depois morria Janis Joplin. Sua morte, assim como as de Brian Jones e Jim Morrison, com poucos meses de intervalo, simbolizam o fim de uma época marcada pela experimentação de drogas de todos tipos e procedências. Mas a maioria dos artistas de Woodstock continua, 40 anos depois, atuando nos palcos.
Para alguns, o festival – e principalmente o filme e o disco que registraram o evento – foi um verdaeiro trampolim. É o caso, por exemplo, do ex-bombeiro de Sheffield que reinterpretou a música dos The Beatles, “With a little help from my friends”. Esta interpretação compulsiva fez de Joe Cocker um astro. Depois de cair no esquecimento, voltou a ressurgir milagrosamente na década de 80 com uma série de sucessos como “You can leave your hat on” ou “Unchain my heart”.
O Woodstock marcou o começo de Carlos Santana e sua fusão inédita de jazz, rock e ritmos latino-americanos. Em 1999 alcançou o sucesso com “Supernatural”, do qual foram vendidas 25 milhões de cópias. O guitarrista, que lançou seu 38º álbum em outubro, pensa hoje em uma reconversão. Quer deixar a música daqui a sete anos para se tornar pastor.
Depois da morte de Keith Moon, o baterista do The Who, a banda se separou em 1982, mas os músicos se reunem periodicamente para dar shows e fazer turnês. Os únicos dois ainda vivos, Roger Daltrey e Pete Townshend, gravaram um novo álbum, “Endless Wire”, em 2006. Graceful Dead já era, em 1969, um papa do ‘acid rock’. Desde então, vinha batendo recordes de públicos em shows nos Estados Unidos até a morte do líder da banda, Jerry Garcia, em 1995.
Outro pioneiro do rock psicodélico, Jefferson Airplane, foi se desmembrando pouco depois de Woodstock, mas os integrantes da banda nunca deixaram de se reunir. Sempre presentes nos principais festivais, Crosby, Stills & Nash continuaram suas carreiras alternando discos solo e na banda, com ou sem o episódico Neil Young. De todos os artistas de Woodstock, Young foi o que melhor renovou seu estilo, com constantes revisitações ao folk, country e rock de garagem e tentando até explorar a música eletrônica.
Na década de 90, Neil Young tornou-se a figura de uma nova geração de músicos (Sonic Youth, Nirvana…) inspirados por sua música bruta e seus textos sombrios. Em paralelo, muitos músicos mantiveram vivos neles os ideais hippies. Richie Havens, que abriu o festival com “Freedom”, se envolveu no ensino da ecologia para crianças, enquanto Joan Baez cantou em favor do sindicato polonês Solidarnosc, do Camboja e, mais recentemente, no Irão.
Quanto ao country Joe McDonald, autor do hino das manifestações contra a guerra do Vietnã, seu compromisso com os veteranos o conduziu ao se tornar especialista da vida da emblemática enfermeira de guerra Florence Nightingale.