A jovem Neda Agha-Soltan, morta a tiros em Teerão durante manifestação contra a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, foi baleada por um membro da milícia islâmica Bassidj, informou esta quinta-feira um médico iraniano que chegou a socorrê-la.
Arash Hejazi, de uma universidade do sul da Inglaterra, declarou à BBC que pouco depois de a jovem, que se tornou símbolo da contestação no Irão, ter sido atingida por uma bala no peito, os manifestantes identificaram o atirador, que seria membro da milícia devotada a Ahmadinejad.
As imagens de um videoamador na Internet, mostrando a morte de Neda Agha-Soltan, despertaram uma onda de emoção e de indignação contra as autoridades iranianas no mundo. Vê-se, nelas, a jovem no chão, com o rosto coberto de sangue e os grandes olhos abertos.
Hejazi contou à BBC que visitava Teerão com amigos que decidiram assistir a uma manifestação. “A polícia de choque lançava granadas de gás lacrimogêneo contra as pessoas e as motos começaram a entrar entre a multidão”, disse, “Ouvimos um tiro. Neda estava de pé a um metro de mim… estávamos lá e, de repente, ao voltar, vi o sangue correr em seu peito”, acrescentou. “Ela estava em estado de choque… corremos para ela e a colocamos na calçada”, prosseguiu o médico. “Debrucei-me sobre ela e vi o ferimento a bala abaixo do pescoço, com o sangue correndo. Compreendi que foi atingida na aorta, assim como no pulmão. “O sangue corria de seu corpo e fiz pressão sobre os ferimentos para tentar estancar a hemorragia, mas não consegui, infelizmente, e ela morreu em menos de um minuto”.
Segundo Hejazi, os manifestantes pensaram de início que o tiro tivesse partido de um telhado próximo, mas perceberam, em seguida, um membro da milícia Bassidj numa moto e o detiveram e desarmaram. Ele gritava “não queria matá-la. Eu ouvi”, acrescentou.
Não sabendo o que fazer dele, os manifestantes deixaram-no partir, mas confiscaram seus documentos de identidade e tiraram uma foto. A agência Fars afirmou nesta quinta-feira que a jovem foi baleada por um indivíduo que abriu fogo contra várias pessoas na rua Karegar com uma arma contrebandeada. O noivo da moça, Caspian Makan, também acusou a milícia Bassidj pela morte.