A morte do jovem Nodar Kumaritashvili na sexta-feira nos treinos do luge, horas antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver, provocou uma grande comoção em seu país, a Geórgia, onde a notícia causou consternação em seus compatriotas.
A sequência de imagens em que Kumaritashvili sai da pista a uma velocidade de cerca de 140 km/h, antes de se chocar com um poste metálico, foi exibida com muita frequência, acompanhada de reações de pêsames e de opiniões das pessoas nas ruas. Inconsciente e com o rosto ensanguentado, o atleta foi levado para um hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
A emoção tomou conta de Bakuriani, estação de esqui do centro do país e cidade natal de Kumaritashvili, onde seus vizinhos se reuniram na casa da família para confortar seu pai, sua mãe e sua irmã, indicou à AFP um amigo da família, Giorgi Gavva. “Toda Bakuriani está completamente em estado de choque. Aqui todos conheciam esse menino e confiavam muito em suas chances nos Jogos Olímpicos. A família está arrasada”, explicou Gavva, parente do pai do jovem falecido, que estava no Canadá com seu treinador e primo Felix Kumaritashvili.
“Nodar era um menino muito tímido, mas um grande atleta, com excelentes perspectivas”, disse. O ministro georgiano da Cultura e do Esporte, Nikoloz Rurua, anunciou pela televisão, de Vancouver, que o corpo será repatriado em alguns dias para poder ser enterrado em Bakuriani, onde uma pista de luge receberá o seu nome. “Nossa equipe olímpica e o Comitê Olímpico receberam apoio e grandes manifestações de solidariedade por parte das delegações de todos os países”, acrescentou Rurua.
A investigação em Whistler concluiu que a pista não apresentava nenhuma irregularidade. Os especialistas constataram que o jovem georgiano havia “entrado cedo demais na curva número 16 e que, embora tenha tentado corrigir sua trajetória, perdeu o controle de seu trenó e isso provocou o acidente.”
A pequena delegação olímpica georgiana (três esquiadores alpinos, três patinadores artísticos e outro piloto de luge), que em um primeiro momento cogitou abandonar o evento, optou finalmente por participar e seus integrantes usaram braçadeiras pretas durante a cerimônia de abertura. O presidente do pequeno país caucásico, Mikhail Saakashvili, que assiste aos Jogos em Vancouver, se reuniu com eles e homenageou a vítima com um minuto de silêncio.
“Perdemos um grande jovem. Vamos continuar por ele. Gostaria de ver a Geórgia vencer”, disse Saakashvili. O acidente compromete a participação da Geórgia, que já não deverá participar da Olimpíada de Inverno de Sochi, em 2014.
Tblisi pediu um boicote aos Jogos de Sochi, na Rússia, como protesto pelo apoio de Moscou à Ossétia do Sul e à outra região separatista georgiana, a Abkházia, localizada a apenas trinta quilômetros de Sochi.