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Morreu Merce Cunningham, o reinventor da dança contemporânea

O coreógrafo Merce Cunningham, considerado um dos grandes nomes da dança contemporânea, faleceu em Nova York aos 90 anos na madrugada de segunda-feira. “É com grande pesar que informamos o falecimento de Merce Cunningham, que morreu serenamente em sua casa durante a noite por causas naturais”, declarou a Fundação Cunningham Dance Foundation e a Merce Cunningham Dance Company no seu comunicado conjunto.

Na nota oficial, as duas instituições elogiam a contribuição artística de Cunningham, afirmando que ele “revolucionou as artes visuais e do palco, não por ser meramente iconoclasta, como também para alcançar a beleza e o assombro de explorar novas possibilidades”. Em sua cadeira de rodas, o lendário coreógrafo continuou dirigindo até seus últimos dias no West Village sua própia companhia, fundada em 1953 como um laboratório do movimento aberto à inovação e experimentação.

Apelidado de “Einstein da dança”, Cunningham dinamizou a partir dos anos 50 os passos do balé: o dançarino não se deslocava mais em função do centro da cena, ele próprio era o centro. “Ao contrário do dançarino clássico, considero todos os movimentos possíveis e não componho me baseando no centro da cena”, explicava. Cunningham libertou a dança da música, do cenário, da narração, criando peças onde “a dança se apóia apenas nela mesmo, sem a dominação de uma arte sobre a outra. A relação entre estes elementos é totalmente livre”.

A inesgotável coragem imaginativa do coreógrafo, que enfrentou durante muito tempo vaias e incompreensão do público, se expressou através do conceito dos “Eventos”. Ele apresentada todo ou parte do espetáculo com a ordem, a duração das sequências, o número e o papel dos dançarinos distribuídos ao azar. “Eu adoro o estresse do acaso. As propostas que ele traz te obriga a descobrir o que você não conseguia”, dizia. Nascido em 1919 em Centralia, no Estado de Washington, Cunningham estudou balé em Seattle antes de ser solista na companhia da pioneira da dança moderna norte-americana Martha Graham, entre 1939 e 1945.

Em 1944 aconteceu o encontro que marcaria sua vida pessoal e artística, ao realizar um primeiro espetáculo individual com música do compositor John Cage, que viria a ser seu parceiro até a morte deste último quase meio século depois, em 1992. A Merce Cunningham Dance Company, que ele fundou em 1953 no Black Mountain College, uma comunidade de artistas na Carolina do Norte, possibilitou que realizasse um trabalho com pintores prestigiosos: Robert Rauschenberg assinou o cenário de “Summerspace” (1958), Jasper Johns o de “Walkaround time” (1968).

Além deles, trabalhou com Andy Warhol em “Rainforest” (1968). Cunningham se apresentou diversas vezes na França, país que o condecorou Oficial da Legião de Honra em 2004. Ele continuou dirigindo sua tropa até sua morte, de sua cadeira de rodas, e anunciou em junho o lançamento de uma turnê mundial de dois anos. Contínuo inovador, Cunningham introduziu nos anos 70 novas tecnologias em suas criações, colaborando com videomakers como Charles Atlas e Eliott Kaplan.

Nos anos 90, o patriarcar rompeu outra barreira, utilizando um artifício digital de simulações de movimentos, “Lifeforms”, para compor suas coreografias como “Biped” em 1999. “Septet” (1953), “Rainforest” (1968), “Un jour ou deux” (1973), “Duets” (1980) estão entre as 200 coreografias deste artista que amava também desenhar e fazer teatro.

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