Quanto mais se aproxima o fim da competição, mais difícil torna-se descobrir quem será o campeão na presente época. O líder Maxaquene consentiu um empate caseiro e permitiu que o Ferroviário de Maputo reduzisse a diferença para apenas quatro pontos, a quatro jornadas do término do Moçambola. O mesmo não se pode dizer da zona da despromoção onde estão quase definidas as equipas que descem de divisão.
Muito público que manifestou do primeiro ao último minuto o seu apoio às duas equipas foi o que caracterizou o jogo de abertura da jornada 22, num clássico que colocou frente a frente o Desportivo e o Ferroviário de Maputo, no campo do 1º de Maio.Pelos objectivos contrários das duas equipas, mas que passavam necessariamente por conquistar os três pontos para garantir a manutenção, no caso do Desportivo, e para continuar na corrida pelo título, no caso do Ferroviário de Maputo, previa-se uma tarde de bom futebol.
E foi o que aconteceu. Volvidos dez minutos e com o Desportivo a assumir o comando do jogo, foram desperdiçadas duas situações flagrantes de golo, primeiro por Sidik que, aproveitando uma deixa do guarda-redes locomotiva Mahomed, atirou o esférico para cima da baliza. Na resposta, o médio do Ferroviário de Maputo, Diogo, gerou confusão na grande área contrária, mas com alguma sorte a bola foi parar às mãos de José.
O Desportivo não cruzou os braços e, com o seu futebol vistoso, e convincente, foi criando calafrios ao Ferroviário de Maputo, como aconteceu no minuto 15 quando Nando isolou Lanito e este, por sua vez, na cara do guarda- redes, atirou o esférico para o lado.
Faltaram argumentos para Nacir Armando contrapor a atitude alvinegra senão as saídas rápidas de contra-ataque, aproveitando algum desequilíbrio causado pelas subidas de linhas do adversário que ia até à zona do meio-campo sempre que fosse ao ataque. Porque quem corre muito se sujeita ao cansaço, a equipa de Artur Semedo abrandou e viu o Ferroviário crescer em campo, isto a partir do minuto 24.
Bastaram 13 minutos para que, na sequência de um pontapé de canto muito bem cobrado por Diogo, Kalton voasse mais alto que os centrais alvinegros, inaugurando o marcador. O técnico Artur Semedo não gostou e operou substituições para dar mais vida à zona intermediária, contudo, apenas conseguiu manter o resultado que as duas equipas levaram ao intervalo.
No reatamento da partida, o Ferroviário entrou tal como foi ao descanso: a dominar e a remeter o Desportivo ao seu próprio meio-campo. Porém, porque diz o adágio desportivo que “quem não marca arrisca-se a sofrer”, à passagem do minuto 69, Nando ganhou a bola na linha do fundo da direita do ataque e centrou para o segundo poste onde estava Maninho, que de cabeça restabeleceu a igualdade.
Bastante motivados com o tento, os alvinegros voltaram a dominar a partida mas não tiveram atitude suficiente para bater Mahomed e, por via disso, mesmo contra a corrente do jogo, viram Diogo colocar o Ferroviário de Maputo de novo em vantagem, para o silêncio dos batuques da raça alvinegra.
Dois a um foi o resultado final para desgraça do Desportivo que vê as contas da manutenção cada vez mais complicadas.
Tarde e prestação cinzentas do líder
Depois do triunfo do Ferroviário de Maputo, o Maxaquene estava bastante pressionado e obrigado a vencer para continuar na luta pela conquista do título. Porém, não aguentou com a pressão e permitiu que lhe fossem roubados pontos pelos canarinhos de Tete.
De um modo geral, foi uma partida fraca em termos de construção de jogo e oportunidades de golo. Nem o Maxaquene nem o Chingale se comportaram como duas equipas que mereciam conquistar os três pontos.
Nos primeiros 45 minutos, os tricolores levaram a melhor ao privilegiar a posse de bola, todavia, perderam-se na etapa complementar quando permitiram que a ansiedade tomasse conta deles.
A equipa da casa, nesse caso o Maxaquene, ainda beneficiou, ao minuto 65, de uma grande penalidade, que Gabito desperdiçou atirando o esférico para as nuvens.
Com este empate, o líder reacende a luta pelo título com apenas quatro pontos de avanço sobre o Ferroviário de Maputo e tem na próxima semana uma deslocação de cortar a aspiração. Vai ao campo sintético do Matchiki-txiki defrontar o Costa do Sol em mais um clássico que promete muita emoção.
