Moçambique deverá estar ligado, “dentro dos próximos anos”, a uma rede de gasodutos a ser montada em todo o continente africano para transporte de gás natural para países não produtores deste recurso energético, segundo Paulino Gregório, da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH).
O projecto tem em vista reduzir a importação de combustíveis feita pela maioria dos países do continente negro e Moçambique passou a interessar-se pela rede depois das descobertas recentes de mais campos de produção de gás natural nas áreas 1 e 4 da Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado.Com estes novos campos, Moçambique confirmou ter reservas de gás natural de nível mundial e já “é líder na África Austral” no que se refere à capacidade de exportação deste recurso para o futuro, de acordo ainda com Paulino Gregório, falando há dias durante um seminário organizado pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) sobre as oportunidades de investimento no sector dos hidrocarbonetos, em Moçambique, que reuniu cerca de 140 agentes económicos moçambicanos.
Participação de nacionais
Ajuntou ter o país também provado possuir um sistema petrolífero activo na maioria das suas bacias sedimentares e que a indústria petrolífera, sendo ainda incipiente, oferece inúmeras oportunidades para o investimento em toda a cadeia de valor, ou seja, exploração, refinação e transporte (upstream, midstream e downstream).
Ainda na senda da apresentação dos resultados destas descobertas, Gregório explicou que elas criam amplas oportunidades para a participação de nacionais, mesmo antes do início da produção comercial de gás, a se registar em 2018, através da implementação de negócios de prestação de serviços correlacionados à indústria petrolífera.
Estimativas oficiais indicam que as receitas globais destes serviços irão corresponder a 25% do valor total dos investimentos, cuja média diária é de um milhão de dólares norteamericanos/ ano, de acordo igualmente com Gregório.
Exemplificou com o que se passa com o empreendimento de Pande e Temane, da Sasol, em Inhambane, onde até a data há registo de várias empresas fornecedoras de bens e prestadoras de serviços às operações petrolíferas com envolvimento de mais de seis mil trabalhadores moçambicanos, isto como fruto da criação da nova empresa ENH Logistic, uma entidade de direito moçambicano.
Esta empresa está a prestar serviços de logística rentáveis, “com segurança e qualidade exemplares”, de modo a servir as companhias petrolíferas em Moçambique, segundo ainda Gregório, acrescentando que a ENH Logistic é uma holding que congrega diferentes unidades de negócio, de forma a constituir um grande “CLUSTER industrial”, criando e multiplicando oportunidades de emprego para os moçambicanos.