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Moçambique regista produção histórica de carvão em 2012

A Ministra dos Recursos Minerais, Esperança Bias, disse, Quarta-feira (27), em Maputo, que Moçambique produziu 4,9 milhões de toneladas de carvão em 2012, uma quantidade nunca anteriormente explorada na história do país.

Falando na abertura do seminário de alto nível sobre gestão de receitas e optimização dos benefícios do gás e carvão mineral, Bias disse que, actualmente, o país conta com quatro contratos mineiros de extracção de carvão.

Segundo disse, este número de contratos será aumentado em breve, com a conversão de algumas licenças de prospecção e pesquisa em concessões mineiras.

“Existe condições para, até 2020, o país explorar anu- almente mais de 50 milhões de toneladas de carvão de coque e carvão térmico”, disse a Ministra, acrescentando que “Moçambique é referenciado como pode vir a ser um dos cinco países maiores exportadores de carvão de coque a nível mundial”.

Esperança Bias disse igualmente que nos últimos anos foram investidos mais de cinco biliões de dólares americanos na área de carvão. Actualmente, as reservas de carvão em Moçambique são estimadas em mais de 20 biliões de toneladas, grande parte das quais localizadas na província de Tete, centro do país.

Contudo, ela reconheceu que um dos principais obstáculos do país para desenvolver a indústria extractiva é a falta de infra-estruturas, em particular as de transporte. Por isso, ela disse que o governo tem vindo a trabalhar com empresas do sector mineiro e outras entidades privadas para identificar soluções para o es- coamento do carvão através de parcerias público-privadas.

Em relação ao gás natural, a Ministra disse que em 2004 Moçambique iniciou a produção e exportação deste recurso, a partir das reservas existentes no sul do país, tornando-se no maior produtor do ramo ao nível da África Austral.

“O consumo doméstico de gás tem vindo a aumentar nesta região do sul, com particular destaque para a produção de energia eléctrica e para o consumo na indústria como combustível”, disse. No seu discurso, a Ministra recordou que em 2010 foram feitas novas descober- tas de gás natural na bacia do Rovuma. Trata-se de jazigos de grande dimensão, com reservas de gás estimadas em mais 150 trilhões de pés cúbicos.

“É objectivo essencial (do governo) de que a exploração e utilização dos nos- sos recursos naturais constituam um fac- tor determinante para a criação de novos postos de trabalho directos e indirectos através de ligações empresariais para o aumento do conteúdo local na prestação de serviços e fornecimento de bens”, disse.

Segundo a governante, outra forma de dinamizar postos de trabalho é por via da criação de novas actividades económicas e negócios, ou seja, o desenvolvimento em paralelo de múltiplas pequenas e médias indústrias que constituam suporte para um desenvolvimento sócio-económico sustentável do país. A formação de técnicos nacionais qualificados constitui outra prioridade do governo.

Para tal, estão já a ser desen- volvidas diversas acções, no âmbito duma estratégia e plano traçados pelo governo para a criação ou capacitação de instituições do ensino existentes no país.

Este seminário de dois dias visa apresentar ao governo e outros participantes – provenientes de vários pontos do mundo – exemplos concretos de boas práticas e lições aprendidas no âmbito da gestão de receitas provenientes da explo- ração dos recursos naturais.

O evento conta com a co-organização do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), que na sua intervenção defendeu a importância duma boa gestão de recursos naturais e a necessidade da sua integração na agenda de desenvolvimento do país. “A ideia é mobilizar melhor os recursos naturais rumo a um desenvolvimento sócio-económico sustentável e inclusivo do país”, disse o director do BAD para a região sul, Chiji Ojukwu.

Segundo defendeu Chiji Ojukwu, quando geridos de forma apropriada, os telinforma 28.02.13 pag.2 sectores de carvão e de gás natural podem estar interligadas a outras áreas da economia nacional e influenciar grandemente o crescimento a médio e longo prazos.

“Em primeiro lugar, a descoberta de reservas em grande escala irá impulsionar um novo influxo de capitais, sobretudo na forma de investimento directo estrangeiro e créditos bancários internacionais”, disse.

Em segundo lugar, acrescentou, a extracção e exportação de carvão e gás irão provocar a complementaridade de infra-estruturas de desenvolvimento, principalmente em forma de redes de energia, estradas e portos.

Igualmente, ele destacou o impacto da expansão destes sectores na criação de empregos; desenvolvimento do sector financeiro – com o aumento de créditos a indústria extractiva; a intensificação da integração global de Moçambique; e o aumento das receitas do governo.

Ele disse também que a integração regional na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) irá tirar benefícios do desenvolvimento dos sectores de carvão e gás em Moçambique, particularmente por via de energia e outras intra-estruturas de ligação.

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