Pouco mais de 42,2 mil hectares ocupados por coqueiros nas províncias de Cabo Delgado, Zambézia, Nampula e Inhambane são dados como totalmente destruídos pelas doenças de Amarelecimento Letal do Coqueiro e Oryctes, que afectam aquelas regiões moçambicanas tidas como grandes produtoras de coco para consumo interno e para exportação.
As doenças privam o país de uma parte dos cerca de 20 milhões de dólares norteamericanos gerados anualmente pela exportação de coco e seus derivados, segundo dados do Governo moçambicano em poder do Correio da manhã, avançando que cerca de 14% da população moçambicana dependem da cultura de coco como fonte de rendimento e de segurança alimentar.
Entretanto, para debelar as doenças está em curso naquelas províncias um Projecto de Apoio à Renda do Agricultor dotado de cerca de 17,4 milhões de dólares norteamericanos desembolsados pela Millennium Challenge Account – Moçambique (MCA-Moçambique) para financiar actividades de controlo e mitigação das doenças para evitar o seu alastramento para explorações dos pequenos produtores.
O projecto providencia assistência técnica e específica a mais de três mil pequenos agricultores no desenvolvimento de actividades de vigilância, abate e queima dos coqueiros infectados e prestação de apoio aos camponeses no replantio do coqueiro e promoção de campanhas públicas de sensibilização para mitigar os seus efeitos.
Doença desconhecida
Entretanto, em Maio de 2011, surgiu na província central da Zambézia uma outra doença ainda desconhecida que estava a dizimar novas plantas de coqueiro, segundo denúncias feitas ao Presidente da República, Armando Guebuza, durante a sua visita à província, no âmbito de uma presidência aberta que também contemplou Sofala.
O director provincial da Agricultura da Zambézia, Ilídio Bande, revelou na altura da denúncia que técnicos da sua instituição já tinham sido despachados para as regiões afectadas com vista a identificarem o tipo de doença e estudar medidas a tomar contra a mesma.
Refira-se, entretanto, que Moçambique é considerado, a nível internacional, um exportador significativo de coco e seus derivados que são produzidos nas províncias da Zambézia e de Nampula, principalmente.
Na faixa costeira da Zambézia foram confirmados surtos da doença do Amarelecimento Letal do Coqueiro (ALC) no final da década de 90 do passado século 20, nas áreas de plantação dos pequenos produtores comerciais.
Em 2003, cerca de um porcento (1%) da área total dos palmares já tinha sido afectado pela doença na Zambézia e Nampula e ela tem-se propagado desde então, verificando-se também a presença de novos pontos do surto na província de Nampula.
Estimativas oficiais apontam que durante os próximos nove anos seja provável que, devido ao ritmo actual da propagação em mais de 50% de toda área do palmar zambeziano, tornar-se-á irreversível a não sobrevivência da cultura.