O Conselho de Ministros garantiu nesta terça-feira (31) que Moçambique possui reserva de alimentos para 3 meses. Contudo há mais de 1 ano que cerca de 2 milhões de moçambicanos vivem sem comida, sobrevivem graças a ajuda do Programa Mundial da Alimentação que cessou em final de Março, a seca mantém à fome milhares na Região Sul e o @Verdade apurou que as metas de produção das principais culturas alimentares falharam.
Durante a 11ª sessão ordinária do Conselho de Ministros foi apreciada a Estratégia da Reserva Alimentar que, fazendo fé nas palavras do vice-ministro Filimão Suazi, indica que o país tem reservas alimentares suficientes para 3 meses havendo apenas urgência em importar farinha de trigo. Porém a Estratégia da Reserva Alimentar não foi tornada pública.
Em meados de Março o Programa Mundial da Alimentação (PMA) anunciou que a partir de 1 de Abril não poderia continuar a apoia 1,8 milhão de moçambicanos em situação de emergência alimentar nas regiões afectadas pelo Ciclone Idai, devido a escassez de financiamento.
“Muitos são agricultores de subsistência cujas colheitas foram devastadas no ano passado e que não conseguiram replantar a tempo para este ano. A maioria tem níveis persistentes de “crise” ou “emergência” de insegurança alimentar, o que significa que não comem o suficiente, pedem emprestado o que podem de familiares ou amigos, procuram alimentos silvestres pouco nutritivos e continuam a precisar de ajuda externa para sobreviver”, indicou o PMA em comunicado de imprensa a 12 de Março.
A juntar a estes moçambicanos com falta de alimentos na Região Centro estão centenas de milhares de residentes dos distritos de Macomia, Mocímboa da Praia, Palma, Nangade e Quissanga, devido a situação militar no Norte da Província de Cabo Delgado.
Além destes outro meio milhão moçambicanos continua em “em stress alimentar” nas províncias de Gaza e Inhambane, de acordo com a Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome (FEWS) que em Março alertou que a insegurança alimentar iria tornar-se mais crítica até Abril.
A mais recente edição da FEWS indica que no Sul de Moçambique “a maioria das colheitas falhou devido a uma terceira estação de seca consecutiva”.
Para agravar este cenário de falta de alimentos o Balanço do Plano Económico e Social de 2019 indica que não foram atingidas as metas de produção de milho, arroz, feijões e de amendoim.