O Fundo Nacional de Investigação (FNI) espera ver finalizado, a breve trecho, o estudo da técnica “ELISA” que permitirá diagnosticar neurocisticercose, maior sintoma da epilepsia, causada por uma larva derivada da ténia do porco que é o seu maior hospedeiro. A finalização do estudo técnico pela Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), em parceria com o FNI, possibilitará um diagnóstico exacto da doença e apurar o verdadeiro índice de prevalência da neurocisticercose no país, que não acontece até ao momento.
Os poucos dados até então disponíveis sobre a situação da doença resultam da colheita de sangue nos doentes, mas que as respectivas análises laboratoriais são feitas fora do país.
A neurocisticercose é uma doença causada por uma larva de ténia do porco que mais tarde vai provocar o aparecimento de quistos no tecido cerebral e consequentemente a epilepsia nas pessoas afectadas.
A enfermidade, que o país ainda não dispõe de capacidade laboratorial para o seu diagnóstico, ocorre maioritariamente nas comunidades rurais com problemas de fecalismo em céu aberto, onde os suínos são criados em ambiente aberto (não fechados nos curais). A mesma pode ser contraída em situações em que as pessoas não observarem os cuidados de higiene pessoal após usar a latrina.
Nestes ambientes, os porcos consomem as fezes humanas, que contêm os ovos e, mais tarde, quando esfolados e transformados em carne para o consumo, porém que não foi devidamente confeccionada, podem muito bem passar esta larva para o organismo humano.
No animal hospedeiro (porco), a larva aloja-se maioritariamente nos músculos de maior actividade como os maxilares e a língua, mas também nos pulmões e nos músculos de locomoção. Ao consumir a carne, mal confeccionada, ela (larva) entra para o organismo onde se vai alojar nos intestinos.
Através da circulação sanguínea, a larva emigra para o cérebro onde vai causar a neurocisticercose e, mais tarde, transformar-se em epilepsia.
Alsácia Atanásio, directora do Fundo Nacional de Investigação (FNI), disse, a margem do 5º Conselho Coordenador do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), instituição tutelada pelo ministro do pelouro, haver ainda necessidade de aperfeiçoar os método de preparação do antigene, para evitar situações em que os testes dão falsos positivos.
“Agora, por exemplo, existem aparelhos laboratoriais que permitem visualizar os quistos no cérebro, que antes não era possível e o tratamento era baseado em estudos hipotéticos para apurar as causas da epilepsia”, disse Alsácia Atanásio.
A directora disse, no entanto, que a massificação do teste dependerá do trabalho dos investigadores da Faculdade de Medicina, em parceria com o Ministério da Saúde (MISAU), isto é, no aperfeiçoamento do resultado até aqui obtido para que possa ser futuramente usado em laboratórios clínicos de referência e subsequentemente no Sistema Nacional de Saúde.
O Fundo espera receber, para as actividades previstas para o quinquénio 2010/14, um financiamento do Banco Mundial no valor de seis milhões de dólares norte-americanos. O STIFIMO, da Finlândia, que é um programa de apoio ao sector da ciência e tecnologia e investigação em Moçambique vai tirar 4.5 milhões de euros.
O FNI começou a financiar o teste ELISA em 2008/09 e está confiante no sucesso de mais pesquisas previstas para o quinquénio, mercê do financiamento que vai receber nos próximos cinco anos.