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Moçambique é “exemplo” entre países com longos períodos de penúria alimentar

Moçambique é um “exemplo” a seguir no que diz respeito ao crescimento económico e à redução da pobreza entre os países que atravessaram longos períodos de penúria alimentar, destaca um relatório da ONU esta quarta-feira divulgado em Roma. O novo relatório da Organização da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO), que analisa a situação da insegurança alimentar no mundo, destaca que desde a assinatura dos acordos de paz, em 1992, Moçambique “gozou de um período de notável estabilidade e converteu-se num caso de êxito em termos de crescimento económico e redução da pobreza”.

Referindo o exemplo de Moçambique, o documento aponta que os países “podem sair de situações de crise prolongada”, desde que tenham “uma governação melhorada”, compreendam “as causas estruturais da crise” e as abordem com “medidas normativas sólidas”. “A participação das comunidades locais e a melhoria da coordenação entre doadores são também fundamentais”, acrescenta a FAO.

O documento lembra que o país lusófono alcançou um “crescimento médio de oito porcento por ano entre 1996 e 2008”, e que a produção agrícola moçambicana registou, a partir de 1992, “um aumento anual de 5,6 porcento, sobretudo graças à expansão da área de cultivo e ao aumento da mão-de-obra e produtividade agrícolas”.

“A pobreza diminuiu 15 porcento entre 1997 e 2003, e registou-se uma melhoria notável dos indicadores de desenvolvimento humano nas áreas da educação, mortalidade infantil e no acesso à água potável”, refere a FAO, que destaca ainda que a incidência da fome no país “continua a diminuir de maneira constante”.

Apesar destes avanços, o organismo da ONU lembra que o país “continua a ocupar a 172ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano” e ainda “tem muito trabalho a fazer para alcançar o primeiro dos Objectivos do Milénio”, a erradicação da pobreza extrema e da fome.

A FAO salienta que o “caso bem sucedido de recuperação” de Moçambique deveu-se a diversos factores como a “estabilidade macroeconómica, a reforma normativa, o investimento governamental em favor da população pobre e uma ajuda massiva de apoio ao desenvolvimento socioeconómico”.

Outro “aspecto fundamental” para a recuperação pós-conflito, segundo o documento, foi o “esforço realizado para resolver as questões relativas ao acesso à terra”, bem como a “solidez da coordenação e harmonização dos doadores no apoio aos programas governamentais”. A política agrária moçambicana, que entrou em vigor em 1997 e “conseguiu manter a ordem e a segurança alimentar e fomentar novos investimentos”, é também apontada pela FAO como uma “peça chave” para os progressos alcançados.

“Este marco ajudou, em grande medida, a promover uma via mais equitativa e sustentável face ao crescimento económico e desenvolvimento social num país com uma população predominantemente rural”, refere o relatório.

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